—
Essa coisa de correr vai ficar mais fácil – Justin insistiu, olhando para onde
eu estava sentada, arfando exausta. – Tenha um pouco de paciência.
Arranquei
algumas folhas de grama verde do chão, resmungando para mim mesma exatamente o
que Justin podia fazer com sua paciência. Ainda era muito cedo, o céu ainda estava
escuro e cinza, e nem mesmo os pássaros pareciam dispostos a se aventurarem no
ar gelado. Nós estávamos correndo juntos quase todas as manhãs na última semana
e meia, e eu sentia dores em lugares que nem sabia que existiam. Mas graças à
ajuda de Chloe e Sara para comprar roupas esportivas, ao menos eu estava
aquecida e não sentia como se meus seios estivessem sendo arrancados do meu
corpo.
— E
pare de ser mimada – ele acrescentou.
Virei
meu rosto para ele, com olhos cerrados, e perguntei:
—
Como é?
— Eu
disse: levante esse traseiro daí.
Fiquei
de pé e dei alguns passos preguiçosos antes de voltar a correr. Ele olhou para
mim, avaliando meu corpo.
—
Ainda sente dores?
Dei
de ombros.
— Um
pouco.
—
Igual sentiu na sexta-feira?
Considerei
aquilo, girando meus ombros e esticando os braços acima da cabeça.
— Na
verdade, não.
— E
você ainda sente seu peito... como é mesmo que você falou? ... como se alguém
tivesse jogado gasolina nos seus pulmões e ateado fogo?
Olhei
para ele com desdém.
—
Não.
—
Viu? E na semana que vem vai ficar ainda mais fácil. E na outra semana, você
vai querer correr igual às vezes em que fica com uma vontade louca de comer
chocolate.
Abri
minha boca para mentir, mas ele me fez ficar quieta com um olhar de quem sabe o
que está falando.
—
Nesta semana vou chamar alguém para manter você na linha, e antes de perceber
você…
—
Como assim “vou chamar alguém”?
Aumentei
minha passada para não perder seu ritmo. Ele jogou uma olhadela para mim.
—
Alguém para correr com você. Tipo, um personal trainer.
As
árvores faziam um bom trabalho nos isolando do mundo exterior, pois, embora eu pudesse
enxergar o topo dos edifícios ao longe, os sons da cidade pareciam a milhares
de quilômetros de distância. Nossos pés esmagavam as folhas caídas e o cascalho
solto na trilha, que se estreitou o bastante para eu precisar ajustar a
passada. Meu ombro raspava no dele – eu estava tão perto que podia sentir seu
cheiro, um aroma de sabonete, hortelã e uma pitada de café em sua pele.
—
Estou confusa, por que não posso continuar correndo com você?
Justin
soltou uma risada e fez um gesto apontando o ar ao nosso redor.
—
Porque isso não é exatamente uma corrida para mim, (s/apelido).
—
Bom, é claro que não; mal estamos praticando jogging.
—
Não, eu quis dizer que na verdade eu deveria estar treinando.
Olhei
para nossos pés e depois para seu rosto, com olhos cheios de significado.
— E
isso não é treinamento?
Ele
riu de novo.
—
Vou participar do Ashland Sprint deste ano. Por isso preciso correr mais do que
dois quilômetros alguns dias da semana para me preparar.
— O
que é o Ashland Sprint? – eu perguntei.
—
Uma corrida de triatlo em Boston.
—
Ah.
O
ritmo de nossos passos ecoava em minha mente e senti meus membros esquentarem; quase
podia sentir o sangue bombeando pelo meu corpo. Não era algo totalmente ruim.
—
Então, eu posso simplesmente acompanhar você.
Ele
me olhou, com olhos apertados e um largo sorriso no rosto.
—
Você sabe o que é um triatlo?
— É
claro que eu sei. É aquele negócio em que você nada, depois corre e depois
atira num urso, ou algo assim.
—
Bom chute – ele disse, num tom de brincadeira.
—
Certo, então me diga o que é, playboy. Exatamente quanto dura esse triatlo da masculinidade?
—
Depende da distância. Tem o Sprint, Olímpico, Ironman e Ultraman. E nada de
ursos, sua tonta. Natação, corrida e ciclismo.
Dei
de ombros, ignorando a queimação nas minhas pernas quando chegamos numa subida.
—
Então, qual desses você vai fazer?
— O
Olímpico, que é a distância intermediária.
—
Certo – eu disse. – Não parece tão difícil.
—
Você tem que nadar por um quilômetro e meio, pedalar por mais quarenta
quilômetros e correr os últimos dez quilômetros.
Minha
confiança murchou um pouco.
—
Humm, sei.
—
Sacou? E é por isso que não posso continuar aqui na trilha dos coelhinhos com
você.
—
Ei! – eu disse, empurrando-o forte o bastante para desequilibrá-lo.
Ele
riu, endireitando-se antes de me olhar com um sorriso.
— É
sempre fácil assim provocar você?
Ergui
as sobrancelhas e os olhos dele se arregalaram.
—
Deixa pra lá.
O
sol finalmente rompeu a penumbra da manhã quando paramos de correr e começamos
a andar. O rosto de Justin estava cor-de-rosa por causa do frio, e as pontas de
seus cabelos ondulavam-se debaixo de seu gorro. Uma sombra de barba cobria seu
queixo, e eu comecei a estudá-lo, tentando reconciliar a pessoa na minha frente
com o cara do qual eu achava que me lembrava tão bem. Ele estava tão homem
agora. Aposto que poderia se barbear duas vezes por dia e ainda assim ficava
com aquela aparência de barba a fazer. Virei meu rosto em tempo de flagrá-lo
olhando os meus seios.
Eu
me abaixei para olhá-lo nos olhos, mas ele ignorou minha tentativa de
redirecionar sua atenção.
—
Odeio perguntar o óbvio, mas o que você está olhando?
Ele
inclinou a cabeça, olhando para mim num ângulo diferente.
—
Seus peitos parecem diferentes.
—
Eles estão ótimos, não é? – segurei um seio na mão. – Como você sabe, Chloe e
Sara me ajudaram a escolher novos sutiãs. Os peitos sempre foram um problema
para mim.
Os
olhos de Justin se arregalaram.
—
Peitos nunca são problema para ninguém, em nenhum lugar. Nunca.
— O
que é você sabe sobre isso? Você não tem seios. Seios são apenas funcionais. Só
isso.
Ele
me olhou com um fogo genuíno nos olhos.
—
Com certeza eles são funcionais. Fazem seu trabalho direitinho.
Eu
ri, gemendo.
—
Eles não são funcionais para você, garanhão.
—
Quer apostar?
—
Sabe, o problema com os peitos é que se você tem seios grandes, nunca vai
parecer magra. Você fica com marcas nos ombros por causa das alças do sutiã, e
fica com dor nas costas. E a menos que esteja usando para aquilo que eles foram
feitos, os seios sempre acabam atrapalhando.
—
Atrapalham o quê? Minhas mãos? Meu rosto? Não diga blasfêmias na minha presença.
– ele olhou para o céu. – Ela não teve a intenção, meu Senhor. Eu juro.
Ignorando-o,
eu disse:
— É
por isso que eu passei a usar roupas largas quando tinha vinte anos, eu queria
esconder todo o excesso horrível do busto, pode acreditar foi um sucesso.
E
foi nesse momento que sua expressão se transformou de brincalhona para
horrorizada. Se alguém estivesse nos vendo, pensaria que eu acabara de dizer
que gosto de fazer picadinho com carne de cachorrinhos e gatinhos.
—
Por que diabos você esconderia essa maravilhas? É como se Deus desse um
presente, e você agradecesse chutando as bolas dele.
Eu
ri.
—
Deus? Pensei que você era agnóstico, um homem da ciência.
— Eu
sou. Mas se eu pudesse enfiar a cara em seios perfeitos como os seus, acho que acabaria
no céu e teria que me converter.
Senti
um rubor se espalhar pelo meu rosto.
—
Você acha que vai encontrar Deus nos meus seios?
— Sim
mas se continuar escondendo-os. Seus peitos pareceram pequenos demais para ele
se sentir confortável aí dentro. – ele balançou a cabeça, e eu não conseguia
parar de rir. – Você é tão egoísta, (s/apelido) – ele disse, sorrindo com tanta
malícia que eu até perdi um pouco do equilíbrio.
Nós
dois viramos a cabeça ao mesmo tempo quando ouvimos uma voz.
— Justin!
Olhei
para a loira que corria se aproximando de nós, depois olhei para Justin, depois
de novo para a loira.
—
Oi! – ele disse, acenando enquanto ela passava.
Ela
se virou de costas, ainda correndo, e gritou para ele:
— Não
se esqueça de me ligar. Você me deve uma terça-feira.
Ela
jogou um sorrisinho antes de continuar pela trilha.
Esperei
por uma explicação, mas não recebi nenhuma. O queixo de Justin ficou tenso, e
seus olhos pararam de sorrir enquanto focavam a trilha em frente.
—
Ela é bonita – eu disse, tentando provocar alguma resposta.
Justin
apenas assentiu.
— É
uma amiga?
—
Sim. Essa é a Kitty. Nós… passamos um tempo juntos de vez em quando.
Passam
um tempo. Sei. Eu vivi tempo o bastante em faculdades para saber que isso é um código
para “nós transamos de vez em quando”.
—
Então, não é alguém que você apresentaria como sua namorada.
Seus
olhos disparam para o meu rosto.
—
Não – ele disse, quase ofendido. – Definitivamente não é uma namorada.
Andamos
em silêncio por alguns momentos, e eu olhei para trás, começando a entender melhor.
Ela era uma não namorada.
—
Ela claramente conhece Deus.
Justin
explodiu numa risada e depois passou os braços ao redor dos meus ombros.
—
Vamos apenas dizer que encontrar a religião custou muito dinheiro a ela.
Mais
tarde, quando acabamos de correr e Justin estava se alongando no chão ao meu
lado, com os braços esticados até tocar os pés, eu olhei de relance para ele e
disse:
—
Então, eu tenho uma coisa hoje à noite.
E
então eu estremeci.
Debaixo
de sua calça esportiva, eu podia ver o contorno dos músculos da coxa e quase
não percebi quando ele repetiu:
—
Uma coisa?
—
Pois é. É tipo uma coisa… do trabalho. Bom, na verdade, não. Tipo, é um
encontro social, mas para o trabalho. Eu nunca vou nesses eventos, mas seguindo
o espírito dessa empreitada de não-quero-morrer-sozinha, pensei que não custa
tentar. É na quinta-feira, então tenho certeza de que não vai ser nada muito
selvagem.
Ele
riu, balançando a cabeça enquanto trocava de posição.
—
Vai ser no Ding Dong Lounge – fiz uma pausa, mordendo meu lábio. – Tipo, isso é
um nome de verdade?
—
Sim, é um bar na Avenida Columbus – Justin levou a mão ao queixo e coçou a
barba rala. –
Na
verdade, não fica longe do meu escritório.
—
Bom, alguns dos meus colegas de trabalho vão estar lá, e dessa vez, quando
perguntaram se eu iria, eu disse sim, e agora percebi que tenho que pelo menos
aparecer por lá e ver do que se trata, e quem sabe, pode até ser divertido, sei
lá.
Ele
olhou para mim por atrás de seus grossos cílios.
—
Você conseguiu respirar enquanto falava isso?
— Justin
– olhei para baixo e o encarei. – Você não quer ir se divertir, aproveitar,
desfrutar e gozar a noite?
Ele
riu baixinho, balançando a cabeça enquanto voltava a se alongar.
Demorou
um instante para eu entender por que ele estava rindo.
—
Seu pervertido – soltei um grunhido e dei um soco em seu ombro. – Você sabe o
que eu quis dizer. Você quer ir aproveitar, se divertir e gozar comigo? – ele
olhou para cima ao ouvir o som da minha mão batendo na minha testa. – Meu Deus,
isso soou ainda pior. Apenas me envie uma mensagem se estiver interessado.
Estremeci
de novo e me virei para entrar na trilha que levava ao meu prédio, e eu
basicamente queria que o chão se abrisse e me transportasse para Nárnia, ou
algo assim.
—
Ah, esquece!
— Eu
gosto quando você me pede para gozar! – ele gritou atrás de mim. – Mal posso
esperar para gozar hoje à noite, (s/apelido)! Devo gozar lá pelas oito? Ou você
prefere que eu goze lá pelas dez? Talvez eu devesse gozar duas vezes?
Mostrei
o dedo do meio para ele e continuei andando pela trilha. Graças a Deus ele não podia
enxergar meu enorme sorriso.
Seeei eu demorei, mas postei é isso não tenho muito tempo eu já vou embora da casa da minha prima (Natty), ela não está passando bem, mas mesmo assim desejamos boa leitura amorecas, beijos e fiquem com Deus, logo mais estaremos voltando com Take Care. ♥ - Geeh's Here
Ahhh continuaa
ResponderExcluirvc posta essa ib em quantos blogs?
ResponderExcluirEm dois blogs amore no I Want Moon e nesse aqui apenas. Beijos!!! - Geeh
ExcluirContinua pelo amor de Deus guria
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