8.5.15

Four Bets - 16 "insano"


Organizo todos os meus trabalhos da semana e ligo para minha mãe, nunca fui muito chegada nela mas de um tempo pra cá falo mais com ela, na verdade desde que fui passar o feriado com ela

- claro mãe eu posso tentar mas não sei se vai dar, To com muito trabalho e tenho algumas provas semana que vem - digo pra ela que pede que eu vá visita - lá 
- tudo bem filha, mas cuidado em, e amanhã, bom amanhã faz... - ela fica em silêncio e já sei do que ela está falando 
- eu sei mãe, eu não quero ir ai e reencontrar todos da família - digo por que amanhã era pra ser o aniversário de 22 anos de minha irmã - mas prometo que tento dar uma passada - escuto es suspirar 

Depois de falar com minha mãe terminei meus trabalhos e fui dormir... 


Acordar hoje foi estranho, o dia está estranho, como se tudo estivesse mais cinza, mais lento, não irei para faculdade hoje, vou ajudar minha mãe com os preparativos do jantar de minha mãe, prendi meu cabelo em um rabo e me arrumei pra ir, antes de sair encontrei Jazzy 

- não foi pra aula ? - pergunto 
- não eu tenho que resolver uns assuntos com uma amiga hoje - ela disse 
- legal, bom eu estou indo lá na minha mãe ajudar ela com um jantar - digo e ela concorda 
- Hey espera, quem é Samantha ? - ela pergunta e já sinto uma pontada em meu peito 
- Ninguém - coloco o colar pra dentro - só um pessoa que eu conheci uma vez - digo e saio sem dar tempo dela fazer mais perguntas 


Dirijo até a casa de minha mãe é de lá vamos ao super mercado 

- como está o Papai? - pergunto 
- bem - ela se limita a falar isso 
- ele não fala nada sobre mim ? - pergunto 
- não, você sabe que não - terminamos as compras e voltamos pra casa, como acordei tarde já são 14:00 da tarde, fazemos juntas a sobremesa e deixamos na geladeira.

- e como está seu relacionamento filha ? - ela pergunta 
- não é um relacionamento mãe, agente meio que sei lá - digo a ela 

Quando terminamos tudo o que tínhamos que terminar eu então ia embora mas minha mãe me convenceu a ficar, entrei no antigo quarto de minha irmã, e as coisas dela estavam lá intactas, peguei uma saia e uma blusa de mangas compridas de seu armário e vesti, quando me olhei no espelho pude sentir meus olhos arderem e as lágrimas escorrem, as enxuguei, escovei meu cabelo e sai do quarto, minha mãe que estava no corredor me olhou e abaixou a cabeça 

- ficou muito bom em você a roupa - ela disse segurando o choro 
- obrigada mãe - Ela sorriu forçado e desceu as escadas e eu já pude ouvir as vozes dos convidados no andar de baixo, respirei fundo e desci as escadas olhando para meu celular, passei sem que ninguém me visse e fui até o lado de fora, o vento estava forte e o frio tomou conta de mim, a noite fria sempre me fazia lembrar dela, entrei novamente e dei oi a  todos... 
 

Na semana seguinte eu já estava mais tranquia, já havia entregado todos os Meus trabalhos é feito a maioria de minha provas, estava tudo indo maravilhosamente bem 

- e então ? O que acha ? - Jess pergunta 
- sobre o que ? - saio de Meu transe 
- de irmos todos passar o final de semana na casa de praia dos seus pais na Flórida - ela diz, pode ser uma boa ideia ou não 
- não sei, podemos ver - digo e saio 

Estou inquieta pois não vejo Justin a uma semana, sei que não era pra mim estar me importando com isso mas não consigo evitar ele sempre invade meus pensamentos, já não esta mais tão frio aqui então visto apenas uma jaqueta de couro por cima da blusa de alça e calço minhas botas, desço as escadas e Jess esta com Tim no sofá e Jack está fumando ao lado

- Olha só quem resolveu dar o ar da graça - Jack diz soprando a fumaça - depois que começou a namorar o Bieber sumiu - ele diz 
- eu não namoro o Bieber - digo e me sento no sofá da frente 
- Kate estávamos pensando em dar uma festa hoje - Jess diz 
- amanhã tem aula Jess, vamos deixar para amanhã que é sexta - digo e ela concorda 
- como você está com o Bieber ? - Jack pergunta 
- por que você se importa ?? - pergunto irritada 
- por nada - ele levanta as mãos no ar - só curiosidade - jess o fuzila 
- Aaah quer saber foda - se, chama todo mundo que eu preciso beber e curtir, chega de ser a boa moça - levando do sofá e subo para meu quarto.

Depois de tomar um longo banho e secar meu cabelo, capricho bem na maquiagem e coloco um vestido com as costas inteiras abertas, mangas compridas e rodado, meu salto e coloco algumas de minhas pulseiras, me olho do espelho e estou maravilhosa, desço as escadas e Jack me olha de cima em baixo 

- essa é a Kate que eu conheço - ele sorri e toma um gole de sua bebida, pego a garrafa de cima da mesa e viro do bico mesmo, o líquido nem queima mais de tanto costume, abrimos toda a casa e ligamos o som, as meninas da república descem e começamos a festa, quando menos percebo o local já está lotado, todos dançam de bebem ao meu redor, sento no sofá e todos estão fumando e rindo, entro no embalo e no primeiro trago tudo fica em câmera lenta e o som abafa, as risadas ficam mais devagar e a música também, olho a minha volta e a única coisa que consigo pensar é como tudo isso é louco e bom ao mesmo tempo, Jess me empurra com o ombro e ri e eu rio junto, pego a garrafa de bebida e dou um gole, tudo volta a ficar normal e eu preciso disso de novo, trago o cigarro de novo e a sensação se revigora e é incrível, quero fazer de novo e de novo e de novo, é como se dessa vez que eu estou atordoada com Meus problemas tudo isso fosse mais gostoso, antes era sem motivo apenas para me divertir mas agora é para esquecer a droga da minha vida, estou tão confusa, o aniversario da Sam e as provas e mais essa sensação louca que eu sinto quando estou perto do Justin, isso tudo é muito estranho e eu preciso de férias, tudo está girando, minha vida, tudo, e eu não aguento mais tudo isso, eu só quero morrer, levanto e danço, misturo vodka com Whiskey e maconha e cheiro cocaína junto com Jack e tudo fica lento e girando e é a melhor sensação do mundo... 

Minha cabeça explode, e eu estou com ânsia de vômito, não estou andando mas o teto se movimenta, conheço o lugar mas não é minha casa, não escuto nada, é como se meus ouvidos estivessem abafados, sinto que alguém me segura mas minha visão está muito embasada pra ver quem é 

- agente já está chegando - a voz me soa familiar mas não consigo me lembrar da onde, sinto uma superfície macia e então esfrego os olhos, ao olhar em volta reconheço onde estou e vejo quem me trouxe 
- você bebeu muito, precisa de uma banho e cama - ele diz 
- estou tonta, e meus olhos ardem -  digo 
- é por causa da fumaça, vem vamos tomar um banho e pingamos um colírio - ele vem Até mim e segura minhas mãos 
- você não bebeu?? - pergunto a aquele que vem atormentando meus pensamentos 
- não - Ele responde 
- Justin, devagar eu To com muita ânsia - digo, vejo o esboço de um sorriso em seus lábios, maldito está rindo de mim, vou escorada nele até o banheiro e começo a me despir, ele encosta na porta e observa, fico de calcinha e sutiã e me viro pra ele 
- vai ficar ai só olhando? - pergunto e tiro meu sutiã 
- vou, você precisa de um banho e descanso - ele diz todo sério e eu rio de sua cara, me aproximo e o puxo para dentro meio caindo - sabe do que eu preciso de verdade? - sussurro em seu ouvido e deixo um chupão em seu pescoço - preciso de você, nu naquele chuveiro comigo, puxo sua camiseta para cima e ele ergue os braços para facilitar, desabotôo sua calça e ele mesmo tira o resto, arranco minha calcinha e entro no boxe, ele entra e liga o chuveiro deixando a água morna cair entre nós, ele me empurra pra debaixo da água e deixa eu me molhar por completa antes de vir e me abraçar, ergo o rosto e ele está me olhando, ergue a mão e afasta meu cabelo do rosto e me beija, meu mundo para, como em um filme bobo ou em um daqueles livros românticos meus pés flutuam com a sensação maravilhosa de beijar sua boca, fico extasiada, ele separa e começa a beijar meu pescoço, passo minhas unhas por suas costas e já posso sentir seu pau duro entre minhas pernas, ele me gruda contra a parede e ergue uma de minhas pernas para sua cintura deixando seu pau posicionado em minha entrada 

- o que você quer ? - ele pergunta olhando fixamente em meus olhos 
- quero que você me foda - digo olhando bem dentro dos seus olhos e juro que posso ver o brilho neles quando digo essas palavras, ele me penetra com força e eu deixo escapar um gemido alto, ele ergue minhas outra perna me tirando totalmente do chão e continua me fodendo, posso sentir a cabeça do seu pau batendo no mais fundo de mim, deixo que minhas unhas passeiem livremente por suas costas e que minhas boca explore cada parte de seu pescoço, começo a sentir lá no fundo aquele familiar calorzinho e seu que já estou perto, ele continua me fodendo até eu chegar no meu limite expludo em uma sensação incrível e amoleço em seus braços, ele chega em seus ápice logo em seguida e me segura firme saindo de dentro de mim devagar, ele me coloca no chão e me puxa para um beijo mais carinhoso desta vez. 

Sai do chuveiro antes dele e já me sinto bem, me seco e visto um dos roupões dele, saio do banheiro e vou até seu quarto, enrolo um toalha no cabelo e visto uma camiseta sua e pego uma das calcinhas que deixei em sua casa da última vez, gostaria muito de saber o que aconteceu para eu vir parar aqui, seco meu cabelo
Com a toalha e penteio, ele saio do banheiro já vestido e me chama na cozinha, vou até lá e tem uma xícara de café na bancada e só então percebo que já está de manhã 

- Oi - ele finalmente diz e ele parece feliz pois está sorrindo abertamente, me sento de frente para a bancada 
- Oi - digo e a cena do banheiro vem em minha cabeça, sorrio instantaneamente 
- aposto que você quer saber o que aconteceu - ele se senta de frente para mim e começa a tomar seu café 
- sim eu quero muito - digo e tomo o meu também, e mesmo com o café o cansaço começa me atingir 
- bom você decidiu extravasar e foi de mais pra você, seu corpo não aguentou, Jack me ligou dizendo que havia um festa e que era pra mim ir e eu dispensei o convite e então umas 4 horas depois ele me ligou dizendo que tinha muita gente na casa e que você estava descontrolada e não ouvia ninguém - ele conta e eu fico tentando lembrar mas nada vem - eu pensei " Oque eu vou poder fazer ?" Mas peguei o carro e fui até lá, realmente tinha muita gente e você estava no sofá fumando e bebendo e estava com uma cara muito mau, Jack tentava falar com você mas você mandava ele tomar no cu - ele sorri - quando eu cheguei perto você parou e ficou me encarando e então você ficou olhando pra garrafa e pro cigarro na sua mão e apagou o cigarro e jogou a garrafa no chão, todo mundo ficou assustado com sua reação por que depois disso você levantou e começou a chorar parada na minha frente - quando ele fala isso eu quase cuspo o café e então tudo volta, lembro de tudo  
- ai eu peguei você e te trouxe para cá - ele diz 
- desculpa ter te feito sair de casa e perder seu sono - digo 
- não se preocupe - ele diz
- mas por que não quis ir na festa ? - pergunto 
- Aaah é que minha mãe ela está aqui na cidade e está passando uns dias aqui em casa - ele diz 
- aqui?- pergunto assustada e então vejo que tem malas no canto do sofá - ai meu Deus desculpa pelo amor de Deus eu não queria atrapalhar, vou pegar minhas coisas e ir embora - digo me levanto e ele corre pra minha frente 
- relaxa Kate, senta come alguma coisa e dorme, depois eu te levo em casa - ele diz - você não está atrapalhando, você nunca atrapalha - ele me da um selinho rápido e volta pro seu lugar, me sento de volto e ele preparada um sanduíche de queijo, como metade e término o café, meus olhos pesam e meu cabelo já secou com o vento, depois de comer eu vou até o quarto com o justin e me jogo em sua cama, estou realmente cansada, ele deita junto comigo e apaga as luzes...

Acordo e Justin não está na cama, me sinto revigorada, levanto e penteio meu cabelo visto uma calça de moletom do Justin e continuo com sua camiseta, saio do quarto e sinto cheiro de comida, provavelmente o almoço só espero que não seja a janta já, entro na sala e Justin está atrás da bancada cozinha enquanto uma mulher não tão velha e não tão jovem está sentada no sofá olhando uma agenda cheia de papéis 

- ah licença - digo e a mulher levanta o rosto e sorri assim como Justin para o que está fazendo e vem até
- dormiu bem ? - ele pergunta 
- sim, estou beeeeem melhor - sorrio e por um impulso lhe dou um selinho mas me arrependo na mesma hora quando olho para sua mãe no sofa e vejo sua cara de surpresa, avermelho e Justin também 
- Kate, essa é minha mãe Pattie e Mãe essa é Kate - ela se levanta e vem até nos 
- é um prazer Kate - ela me abraça 
- o prazer é meu - digo 
- Justin não me falou que tinha alguém aqui - ela diz 
- ah eu cheguei de surpresa no meio da noite não imaginei que a senhora fosse estar Aqui - digo 
- é mãe - ele diz 
- é ótimo você estar namorando filho- ela diz 
- nós não somos namorado - nos dois dizemos ao mesmo tempo 
- não é o que parece - ela sorri volta a se sentar no sofá 

Olho para Justin que está vermelho como um tomate, rio de sua cara 

- Justin, respira - digo e dou um batitidinha em seu ombro - o que está  cozinhando ?? - pergunto e ele fica claramente aliviado

Ele me mostra tudo e eu começo a ajuda - lo... 

Gente primeira mente desculpa pela demora eu estava sem criatividade mas vou tentar postar 1x por semana daqui pra frente e não uma vez por mês :$ 

21.4.15

3. Burning Desire


Essa coisa de correr realmente não estava ficando mais fácil.
— Essa coisa de correr vai ficar mais fácil – Justin insistiu, olhando para onde eu estava sentada, arfando exausta. – Tenha um pouco de paciência.
Arranquei algumas folhas de grama verde do chão, resmungando para mim mesma exatamente o que Justin podia fazer com sua paciência. Ainda era muito cedo, o céu ainda estava escuro e cinza, e nem mesmo os pássaros pareciam dispostos a se aventurarem no ar gelado. Nós estávamos correndo juntos quase todas as manhãs na última semana e meia, e eu sentia dores em lugares que nem sabia que existiam. Mas graças à ajuda de Chloe e Sara para comprar roupas esportivas, ao menos eu estava aquecida e não sentia como se meus seios estivessem sendo arrancados do meu corpo.
— E pare de ser mimada – ele acrescentou.
Virei meu rosto para ele, com olhos cerrados, e perguntei:
— Como é?
— Eu disse: levante esse traseiro daí.
Fiquei de pé e dei alguns passos preguiçosos antes de voltar a correr. Ele olhou para mim, avaliando meu corpo.
— Ainda sente dores?
Dei de ombros.
— Um pouco.
— Igual sentiu na sexta-feira?
Considerei aquilo, girando meus ombros e esticando os braços acima da cabeça.
— Na verdade, não.
— E você ainda sente seu peito... como é mesmo que você falou? ... como se alguém tivesse jogado gasolina nos seus pulmões e ateado fogo?
Olhei para ele com desdém.
— Não.
— Viu? E na semana que vem vai ficar ainda mais fácil. E na outra semana, você vai querer correr igual às vezes em que fica com uma vontade louca de comer chocolate.
Abri minha boca para mentir, mas ele me fez ficar quieta com um olhar de quem sabe o que está falando.
— Nesta semana vou chamar alguém para manter você na linha, e antes de perceber você…
— Como assim “vou chamar alguém”?
Aumentei minha passada para não perder seu ritmo. Ele jogou uma olhadela para mim.
— Alguém para correr com você. Tipo, um personal trainer.
As árvores faziam um bom trabalho nos isolando do mundo exterior, pois, embora eu pudesse enxergar o topo dos edifícios ao longe, os sons da cidade pareciam a milhares de quilômetros de distância. Nossos pés esmagavam as folhas caídas e o cascalho solto na trilha, que se estreitou o bastante para eu precisar ajustar a passada. Meu ombro raspava no dele – eu estava tão perto que podia sentir seu cheiro, um aroma de sabonete, hortelã e uma pitada de café em sua pele.
— Estou confusa, por que não posso continuar correndo com você?
Justin soltou uma risada e fez um gesto apontando o ar ao nosso redor.
— Porque isso não é exatamente uma corrida para mim, (s/apelido).
— Bom, é claro que não; mal estamos praticando jogging.
— Não, eu quis dizer que na verdade eu deveria estar treinando.
Olhei para nossos pés e depois para seu rosto, com olhos cheios de significado.
— E isso não é treinamento?
Ele riu de novo.
— Vou participar do Ashland Sprint deste ano. Por isso preciso correr mais do que dois quilômetros alguns dias da semana para me preparar.
— O que é o Ashland Sprint? – eu perguntei.
— Uma corrida de triatlo em Boston.
— Ah.
O ritmo de nossos passos ecoava em minha mente e senti meus membros esquentarem; quase podia sentir o sangue bombeando pelo meu corpo. Não era algo totalmente ruim.
— Então, eu posso simplesmente acompanhar você.
Ele me olhou, com olhos apertados e um largo sorriso no rosto.
— Você sabe o que é um triatlo?
— É claro que eu sei. É aquele negócio em que você nada, depois corre e depois atira num urso, ou algo assim.
— Bom chute – ele disse, num tom de brincadeira.
— Certo, então me diga o que é, playboy. Exatamente quanto dura esse triatlo da masculinidade?
— Depende da distância. Tem o Sprint, Olímpico, Ironman e Ultraman. E nada de ursos, sua tonta. Natação, corrida e ciclismo.
Dei de ombros, ignorando a queimação nas minhas pernas quando chegamos numa subida.
— Então, qual desses você vai fazer?
— O Olímpico, que é a distância intermediária.
— Certo – eu disse. – Não parece tão difícil.
— Você tem que nadar por um quilômetro e meio, pedalar por mais quarenta quilômetros e correr os últimos dez quilômetros.
Minha confiança murchou um pouco.
— Humm, sei.
— Sacou? E é por isso que não posso continuar aqui na trilha dos coelhinhos com você.
— Ei! – eu disse, empurrando-o forte o bastante para desequilibrá-lo.
Ele riu, endireitando-se antes de me olhar com um sorriso.
— É sempre fácil assim provocar você?
Ergui as sobrancelhas e os olhos dele se arregalaram.
— Deixa pra lá.
O sol finalmente rompeu a penumbra da manhã quando paramos de correr e começamos a andar. O rosto de Justin estava cor-de-rosa por causa do frio, e as pontas de seus cabelos ondulavam-se debaixo de seu gorro. Uma sombra de barba cobria seu queixo, e eu comecei a estudá-lo, tentando reconciliar a pessoa na minha frente com o cara do qual eu achava que me lembrava tão bem. Ele estava tão homem agora. Aposto que poderia se barbear duas vezes por dia e ainda assim ficava com aquela aparência de barba a fazer. Virei meu rosto em tempo de flagrá-lo olhando os meus seios.
Eu me abaixei para olhá-lo nos olhos, mas ele ignorou minha tentativa de redirecionar sua atenção.
— Odeio perguntar o óbvio, mas o que você está olhando?
Ele inclinou a cabeça, olhando para mim num ângulo diferente.
— Seus peitos parecem diferentes.
— Eles estão ótimos, não é? – segurei um seio na mão. – Como você sabe, Chloe e Sara me ajudaram a escolher novos sutiãs. Os peitos sempre foram um problema para mim.
Os olhos de Justin se arregalaram.
— Peitos nunca são problema para ninguém, em nenhum lugar. Nunca.
— O que é você sabe sobre isso? Você não tem seios. Seios são apenas funcionais. Só isso.
Ele me olhou com um fogo genuíno nos olhos.
— Com certeza eles são funcionais. Fazem seu trabalho direitinho.
Eu ri, gemendo.
— Eles não são funcionais para você, garanhão.
— Quer apostar?
— Sabe, o problema com os peitos é que se você tem seios grandes, nunca vai parecer magra. Você fica com marcas nos ombros por causa das alças do sutiã, e fica com dor nas costas. E a menos que esteja usando para aquilo que eles foram feitos, os seios sempre acabam atrapalhando.
— Atrapalham o quê? Minhas mãos? Meu rosto? Não diga blasfêmias na minha presença. – ele olhou para o céu. – Ela não teve a intenção, meu Senhor. Eu juro.
Ignorando-o, eu disse:
— É por isso que eu passei a usar roupas largas quando tinha vinte anos, eu queria esconder todo o excesso horrível do busto, pode acreditar foi um sucesso.
E foi nesse momento que sua expressão se transformou de brincalhona para horrorizada. Se alguém estivesse nos vendo, pensaria que eu acabara de dizer que gosto de fazer picadinho com carne de cachorrinhos e gatinhos.
— Por que diabos você esconderia essa maravilhas? É como se Deus desse um presente, e você agradecesse chutando as bolas dele.
Eu ri.
— Deus? Pensei que você era agnóstico, um homem da ciência.
— Eu sou. Mas se eu pudesse enfiar a cara em seios perfeitos como os seus, acho que acabaria no céu e teria que me converter.
Senti um rubor se espalhar pelo meu rosto.
— Você acha que vai encontrar Deus nos meus seios?
— Sim mas se continuar escondendo-os. Seus peitos pareceram pequenos demais para ele se sentir confortável aí dentro. – ele balançou a cabeça, e eu não conseguia parar de rir. – Você é tão egoísta, (s/apelido) – ele disse, sorrindo com tanta malícia que eu até perdi um pouco do equilíbrio.
Nós dois viramos a cabeça ao mesmo tempo quando ouvimos uma voz.
— Justin!
Olhei para a loira que corria se aproximando de nós, depois olhei para Justin, depois de novo para a loira.
— Oi! – ele disse, acenando enquanto ela passava.
Ela se virou de costas, ainda correndo, e gritou para ele:
— Não se esqueça de me ligar. Você me deve uma terça-feira.
Ela jogou um sorrisinho antes de continuar pela trilha.
Esperei por uma explicação, mas não recebi nenhuma. O queixo de Justin ficou tenso, e seus olhos pararam de sorrir enquanto focavam a trilha em frente.
— Ela é bonita – eu disse, tentando provocar alguma resposta.
Justin apenas assentiu.
— É uma amiga?
— Sim. Essa é a Kitty. Nós… passamos um tempo juntos de vez em quando.
Passam um tempo. Sei. Eu vivi tempo o bastante em faculdades para saber que isso é um código para “nós transamos de vez em quando”.
— Então, não é alguém que você apresentaria como sua namorada.
Seus olhos disparam para o meu rosto.
— Não – ele disse, quase ofendido. – Definitivamente não é uma namorada.
Andamos em silêncio por alguns momentos, e eu olhei para trás, começando a entender melhor. Ela era uma não namorada.
— Ela claramente conhece Deus.
Justin explodiu numa risada e depois passou os braços ao redor dos meus ombros.
— Vamos apenas dizer que encontrar a religião custou muito dinheiro a ela.
Mais tarde, quando acabamos de correr e Justin estava se alongando no chão ao meu lado, com os braços esticados até tocar os pés, eu olhei de relance para ele e disse:
— Então, eu tenho uma coisa hoje à noite.
E então eu estremeci.
Debaixo de sua calça esportiva, eu podia ver o contorno dos músculos da coxa e quase não percebi quando ele repetiu:
— Uma coisa?
— Pois é. É tipo uma coisa… do trabalho. Bom, na verdade, não. Tipo, é um encontro social, mas para o trabalho. Eu nunca vou nesses eventos, mas seguindo o espírito dessa empreitada de não-quero-morrer-sozinha, pensei que não custa tentar. É na quinta-feira, então tenho certeza de que não vai ser nada muito selvagem.
Ele riu, balançando a cabeça enquanto trocava de posição.
— Vai ser no Ding Dong Lounge – fiz uma pausa, mordendo meu lábio. – Tipo, isso é um nome de verdade?
— Sim, é um bar na Avenida Columbus – Justin levou a mão ao queixo e coçou a barba rala. –
Na verdade, não fica longe do meu escritório.
— Bom, alguns dos meus colegas de trabalho vão estar lá, e dessa vez, quando perguntaram se eu iria, eu disse sim, e agora percebi que tenho que pelo menos aparecer por lá e ver do que se trata, e quem sabe, pode até ser divertido, sei lá.
Ele olhou para mim por atrás de seus grossos cílios.
— Você conseguiu respirar enquanto falava isso?
— Justin – olhei para baixo e o encarei. – Você não quer ir se divertir, aproveitar, desfrutar e gozar a noite?
Ele riu baixinho, balançando a cabeça enquanto voltava a se alongar.
Demorou um instante para eu entender por que ele estava rindo.
— Seu pervertido – soltei um grunhido e dei um soco em seu ombro. – Você sabe o que eu quis dizer. Você quer ir aproveitar, se divertir e gozar comigo? – ele olhou para cima ao ouvir o som da minha mão batendo na minha testa. – Meu Deus, isso soou ainda pior. Apenas me envie uma mensagem se estiver interessado.
Estremeci de novo e me virei para entrar na trilha que levava ao meu prédio, e eu basicamente queria que o chão se abrisse e me transportasse para Nárnia, ou algo assim.
— Ah, esquece!
— Eu gosto quando você me pede para gozar! – ele gritou atrás de mim. – Mal posso esperar para gozar hoje à noite, (s/apelido)! Devo gozar lá pelas oito? Ou você prefere que eu goze lá pelas dez? Talvez eu devesse gozar duas vezes?
Mostrei o dedo do meio para ele e continuei andando pela trilha. Graças a Deus ele não podia enxergar meu enorme sorriso.


Seeei eu demorei, mas postei é isso não tenho muito tempo eu já vou embora da casa da minha prima  (Natty), ela não está passando bem, mas mesmo assim desejamos boa leitura amorecas, beijos e fiquem com Deus, logo mais estaremos voltando com Take Care. ♥ - Geeh's Here

16.4.15

Four Bets - 15 "fantasma do passado"

     
                         



A luz do sol bate em meu rosto me fazendo despertar, o quarto está todo iluminada pelo sol que já não dava as caras a muito tempo, me sinto bem, feliz, sinto Justin abraçado em minha cintura e sua respiração batendo em meu pescoço, lembro da noite anterior...

•••

você é tão gostosa - ele me diz quando tiro a roupa pra ele em um mini strip, apenas sorrio e gatinho por cima dele na cama

•••

Me desvencilho de seus braços e levanto, estou usando apenas minha calcinha, pego uma camiseta do Justin e o mesmo shorts da noite anterior e vou pro banheiro, tomo um banho que relaxa todo meu corpo 

•••

A sensação do seu pau me invadindo é maravilhosa, única, como sempre tudo com ele é diferente e novo

•••

Saio do chuveiro me seco e me visto, deixo que meu cabelo fique solto para secar e vou pra cozinha, nunca preparei o café aqui então decido ver o que tem pra fazer, faço omelete de ovos, corto algumas frutas e coloco torradas e o pote de mel dele na bancada, faço café e coloco xícaras na mesa, escuto barulho no quarto e sei que Justin acordou, ligo a TV e fico no sofá vendo meu Twitter, Justin surge na sala apenas de bermuda como sempre e olha para a bancada com as coisas do café 


- Bom dia - ele diz e vem até mim 
- bom dia - respondo e ele me da um selinho rapidamente, nós tomamos café e chegamos a frase do dia "o que vamos fazer agora ??"  
- o inverno está chegando ao fim - digo olhando pela janela onde o sol bate
- vai ter uma festa na república dos meninos hoje - Justin - o que acha? - não quero que as pessoas saibam que eu estou ficando com o Justin, nunca fico mais de uma vez com a mesma pessoa, fico pensativa e lembro da Jess me dizendo para não ter medo 
- tudo bem - sorrio - mas tenho que ir pra casa me arrumar - digo pra ele 
- tem um monte de coisas da jazzy ali, por que não veste uma delas ? - ele pergunta 


Vou até o quarto depois do almoço que foi muito agradável por sinal, e começo a ver as coisas dela, tem muitas coisas, acho uma saia preta que esta pendurada em um cabide com uma regata preta que mostra toda as costas, já amo e separo ela, quando mexo no resto uma foto um álbum de fotos cai do meio delas, e cai em um pagina onde tem fotos da Jazzy fumando e bebendo, fico curiosa e descido ver mais, tem várias fotos dela dançando, bebendo, cheirando cocaína, beijando garotas, ela parecia estar se divertindo muito, passo várias fotos e então acho uma foto que está uma galera de gente no meio deles vejo Jazzy sentada em cima do ombro de Justin com uma garrafa de bebida na mão, e mais ao lado vejo Tim e a pessoa que está do lado dele foi riscada da foto com uma caneta forte, fico pensando o que deve ter acontecido pra eles terem riscado ela, tem mais fotos mas decido não olhar, pego o vestido e saio do quarto, o vestido é todo aberto nas costas e com mangas compridas, o decote dele quase não existe e não é muito vulgar, ele fica bem curto em mim e eu realmente amo ele, coloco sobre a cama e vou tomar banho, decido me arrumar pra essa festa, tomo um banho bem demorado lavo o cabelo, seco e faço cachos, faço uma maquiagem nem tão forte mas não tão fraca, volto pro quarto da Jazzy e pego um salto alto dela, me admira tudo dela me servir, quando estou voltando para o quarto Justin está passando me corredor e trava ao me ver 


- já está pronto ? - pergunto e ele concorda 
- só falta o cabelo - ele responde me olhando de cima em baixo 
- e eu só falta colocar minhas joias de novo - entro no quarto e coloco meu colar e minhas pulseiras, passo hm batom pra finalizar e estou pronta, Jess mandou mensagem falando que vai ir na festa e que decidiu caprichar também por que a festa vai ser TOP, visto meu sobretudo preto e nós saímos do apartamento do Justin coloco minhas coisas no carro do Justin e uma muda de roupas da Jazzy dentro da roupa pra caso ocorra imprevistos e nós saímos 


Quando estamos a uma quadra da casa dos meninos já podemos ver a euforia de pessoas, luzes e vários carros no local, justin estaciona o carro a um quadra 


- vamos lá então - respiro fundo, vou chegar com o Justin, nunca chego com ninguém 
- está pensando que vai ser vista comigo ? - ele pergunta 
- não, já fui vista com você - respondi forçando o sorriso - vamos antes que eu me arrependa de ter vindo - vamos caminhando devagar até a festa e quando chegamos, há várias pessoas entrando, passamos por uma galera e Justin me leva por um portão lateral que dá direto para a parte de trás da casa, entramos e está tudo apagado, somente as luzes neon iluminando, tiro meu casaco e coloco ele em um closet da sala que Justin tranca, avisto a Jess e vou correndo em sua direção, me jogo em seus braços e ela me olha de cima a baixo 
- Ta maior gostosa - ela grita por causa da música 
- você também, obrigado - grito de volta 
- quero beber - grito pra ela que entende e sai, ela volta com uma bandeja cheia de copos e coloca sobre a mesa
- vira comigo - ela grita e joga os braços pra cima e se mata de rir - hoje agente vai chapa de maaaaaaais - ela começa a virar e eu também 
- uhuuuuul - grito - hoje promete - sinto o líquido queimar minha garganta e começo a dançar ao mesmo tempo que bebo e Jess também, sinto alguém me abraçar e tirar o copo da minha mão, é Justin que bebe e depois me da um chupão gostoso no pescoço, me derreto em seus braços e começo a rebolar contra seu corpo, ele me leva aos poucos para o meio das pessoas dançando e nossos corpos se juntam em um ritmo gostoso, fecho os olhos ao sentir seus braços me envolvendo e seus lábios passeando em meu pescoço, ele me vira de frente e sou abrigada a abrir os olhos, todos parecem nos olhar e eu fico tensa na hora, ele nos aproxima e da uma mordida em meu lóbulo e sussurra
- relaxa, olha só pra mim - ele se afasta e eu encaro ele enquanto danço e não me importo se estão todos olhando, começo a me soltar e a rebolar em voltar dele, ele apenas observa...


Mais tarde depois de dançar muito estamos todos sentados nos sofás da casa e todos fumando, Justin se recusa a fumar, eu trago uma ou duas vezes o cigarro de maconha e já desisto, não estou mais no clima estou sentada em um sofá e Justin em outro, ele coloca o canudo que está segurando na boca e fica me olhando, lembro do primeiro dia de aula quando ele me olhava da mesma maneira só que com a caneta, sorrio pra mim mesma e termino de tomar o líquido em meu copo, aquilo me da uma coragem tremenda e eu me levanto do sofá que estou e falo com Jess que está ao lado de Justin e ela troca de lugar comigo, me sento ao seu lado e ele fica me olhando surpreso mas passa o braço sobre meus ombros e nós ficamos juntos ali, todos ficam meio desconfortáveis e nos olham, mas eu realmente não me importo.


•••


O murmurinho na sala de aula era sobre a tão famosa festa do final de semana, depois de três dias ainda falam como foi incrível 
- sei que a festa do final de semana foi um arraso gente porém eu gostaria muito da atenção de vocês - senhor Bottersun chamou a atenção - hoje iremos estudar direito tributário - ele diz e todo começam a prestar a atenção - sei muito bem que todos lembram do trabalho que eu passei sobre leis trabalhistas e também lembram que esse trabalho é pra amanhã - me lembro de ter feito esse trabalho

 
- tenho certeza que o senhor marcou pra outro dia - Diz uma loira que eu nem tinha reparado estar ali Justin que está sentado logo abaixo de mim fica tenso 
- olha só classe, não tinha reparado mas temos uma aluna nova - ele sorri - senhorita ? - ele pergunta 
- Lockheart - ela diz - vim transferida do Brasil, mas nasci aqui - 
- seja bem vinda - ele vira para o quadro novamente 


Vejo que ela vira para trás sorrindo mas desmancha totalmente e vira para o quadro novamente, o sinal bate e eu começo a organizar minhas coisas para sair, vejo e Lockheart sai apressadamente


- estranha a aluna nova não ? - pergunto a Justin que está Quieto guardando as coisas 
- não costumava ser - ele diz e eu fico surpresa, ele percebe e decide explicar - fantasmas do passado - ele diz e continua - éramos amigos, mas aconteceu umas coisas e foi a época que cada um foi para um canto parece que agora a turma está completa de novo - ele fala com ironia, fantasmas ??? 
- e isso é bom? - pergunto 
- não sei ainda, tenho que ir - ele fala todo tenso e sai 
Fico só eu na sala 
- espero que a senhorita não esteja ocupada dando festas de mais e lembre do trabalho - o professor diz 
- Olha só a minha vida não é da sua conta, e o meu trabalho - abro meu caderno - já está aqui - deixo na sua mesa e saio, encontro com a Lockheart - ela vem ao meu encontro 
- Oi - ela sorri mas para e semicerra os olhos - desculpa eu, você é um pouco familiar,  soube que você conhece o Tim - ela sorri 
- deve saber também que se conheço Tim conheço Justin, Jazzy e Jaxon - ela para - e eu sei que vocês eram amigos - ela fica com cara de horror 
- eles, não, eles não fizeram isso - ela fala  
- fizeram o que ? - pergunto 
- nada, olha só diz pro Tim que eu voltei e que eu quero muito fala com ele ? - Ela pede 
- se eu esbarrar com ele por aí - digo e dou de ombros, ela concorda e sai 
Vou pra casa pensando, ela não me é estranha, já vi ela em algum lugar, chego e estaciono o carro e para a sorte Tim está com a Jess no sofá 
- Olha só, bem quem eu queria ver - digo a Tim que me olha estranho 
- Olha só não sei o nome dela mas sei o sobrenome e ela pediu pra avisar que está de volta e quer te ver ou fala com você, algo assim - digo 
- e qual é o sobrenome ? - ele pergunta 
- Lockheart - digo - ela está na minha classe - ele fica pálido subitamente 
- pode deixar eu, eu vou fala com ela, ela, ela, é uma velha amiga - ele se levanta e pega seu casaco se despede da Jess e sai 
- nossa que coisa não - jess diz 
- Justin ficou do mesmo jeito - digo 
- parece que é uma amiga da turma dela lá do passado - digo


Subo para meu quarto e quando entro lembro que ela estava na foto das coisas da Jazzy, estranho isso, deve ter um motivo para eles terem se separado, mas qual ?? 

Primeiramente desculpa por sumir :$ estava sem internet e com provas e trabalhos :$ mas ta ai e Hailey na capa por que ela vai entrar como Lockheart... Posto essa semana ainda... Ou no feriado 


 

9.4.15

2. Burning Desire

Justin P.O.V

— Então, espera aí. – Ryan disse, puxando sua cadeira para se sentar. – Essa é a irmã que você comeu?
— Não, essa foi a Liv – sentei-me de frente para ele e ignorei seu sorriso maldoso e a pontada no meu estômago. – E eu não comi ela. Apenas ficamos algumas vezes. A irmã mais nova é a (s/apelido). Ela era apenas uma criança na primeira vez que passei o Natal com Jensen.
— Ainda não consigo acreditar que ele levou você para passar o Natal em casa e você beijou a irmã dele no quintal. Eu chutaria o seu traseiro – mas ele reconsiderou, coçando o queixo. – Ah, dane-se isso. Eu não daria a mínima.
Olhei para Ryan e tive que rir um pouco.
— Pois é, então, na verdade eu era mesmo um filho da mãe.
Ao nosso redor, taças tilintavam e pessoas conversavam num murmúrio discreto. Almoço de terça-feira no Le Bernardin tinha se tornado uma rotina para nosso grupo nos últimos seis meses. Ryan e eu geralmente éramos os últimos a chegar, mas aparentemente hoje os outros se atrasaram por causa de alguma reunião.
— Era um filho da mãe? Seu uso do verbo no passado é adorável – Ryan murmurou, olhando para o cardápio antes de fechá-lo com força. Na verdade, não sei por que ele o abriu em primeiro lugar. Ele sempre pedia caviar de entrada e um peixe tamboril como prato principal.
Eu recentemente concluí que Ryan guardava toda a sua espontaneidade para a sua vida com Sara; com comida e trabalho, ele era uma criatura de hábitos. – Eu acho que você ainda é um pouco filho da mãe.
— Eu sei que acha isso. Acontece que você sempre se esquece de como você era antes de conhecer Sara.
— Não é verdade – ele protestou com seu sorriso grande e fácil. – Eu sei que eu era um cretino. Mas, enfim, me conte sobre essa irmãzinha.
— Ela é a mais nova dos filhos da família (sobrenome), e está fazendo pós-graduação aqui na Universidade Columbia. (s/apelido) sempre foi ridiculamente inteligente. Terminou a graduação em três anos e agora trabalha com o Liemacki. Sabe? Aquele que trabalha com vacinas?
Ryan balançou a cabeça e deu de ombros como se dissesse: “Quem diabos é esse cara?”.
Eu continuei:
— É uma pesquisa de ponta que está sendo desenvolvida na faculdade de medicina. Enfim, no último fim de semana em Las Vegas, quando você estava atrás da sua garota nas mesas de blackjack, Jensen me enviou uma mensagem avisando que iria visitá-la aqui na cidade. Acho que ele fez todo um discurso para ela dizendo que não deveria passar o resto da vida vivendo entre os tubos de ensaio.
O garçom se aproximou para encher nossos copos, e dissemos que estávamos esperando outras pessoas.
Ryan olhou de volta para mim.
— Então você está planejando se encontrar novamente com ela?
— Pois é. Acho que vamos sair e fazer alguma coisa nesse fim de semana. Acho que vamos correr de novo.
Não deixei de perceber a maneira como seus olhos se arregalaram.
— Está deixando alguém entrar no seu mundinho privado das corridas matinais? Isso parece mais íntimo do que sexo, Justin.
Fiz um gesto de repúdio.
— Nada a ver.
— Mas foi divertido? Reencontrar a irmãzinha e tal?
Na verdade, foi, sim, divertido. Não foi nada selvagem, ou mesmo algo de muito especial – meu Deus, apenas saímos para correr. Mas eu ainda me sentia um pouco abalado pela maneira como ela tinha mudado. Fui até lá pensando que deveria haver uma razão para seu isolamento, além de suas longas horas de trabalho. Esperava que ela fosse desajeitada, ou feia, ou uma típica pessoa socialmente inepta.
Mas não era nada disso, e ela definitivamente não parecia ser a “irmãzinha” de alguém. Ela era ingênua e um pouco desbocada, mas realmente apenas trabalhava muito e se tornou refém de uma série de hábitos dos quais ela já não gostava. Ou nem mesmo se identificava.
Conheci os (s/familia) no Natal do meu segundo ano na faculdade. Eu não tinha dinheiro para viajar até minha casa naquele ano, e aparentemente a mãe de Jensen teve um troço só de pensar que eu ficaria sozinho na moradia estudantil. Então ela foi nos buscar pessoalmente só para ter certeza de que eu voltaria com ele. A família era tão amorosa e barulhenta quanto você esperaria de uma família com três filhos com quase exatamente dois anos de diferença entre eles. Suspeitei desde o princípio de que (s/pai) era a pessoa mais organizada e estruturada do planeta.
Como era do meu feitio naquele estágio da minha vida, eu os agradeci ficando com sua filha mais velha, Liv, no quintal da casa deles.
Alguns anos mais tarde, trabalhei como estagiário para (s/pai) e morei em sua casa. Foi um verão quieto: apenas eu, Jensen e a filha mais nova, (s/apelido). A casa deles se tornou o meu segundo lar. Mas, embora tenha ficado três meses por lá, eu me lembrava muito pouco dela. Mais tarde, fui o padrinho do casamento de Jensen, do qual (s/apelido), então com vinte anos, foi a madrinha. Mas ela era sete anos mais nova do que eu e estava no último semestre da faculdade. Assim, sempre que não estávamos ocupados com os preparativos, ela estava afundada nos estudos. Acho que não conversei com ela em nenhum momento daquele fim de semana. Então, quando ela me ligou ontem, foi um pouco difícil até de lembrar como era seu rosto.
Mas quando a vi no parque, lembrei-me de mais coisas do que imaginava. (s/apelido) aos doze anos, com o nariz cheio de sardas escondido atrás de livros. Ela apenas mostrou um ocasional sorriso tímido do outro lado da mesa de jantar – na maior parte do tempo, apenas evitou contato comigo. De qualquer maneira, eu tinha dezenove anos e nem reparei nela. Depois, lembro-me dela aos dezesseis anos, toda desengonçada, com o cabelo embaraçado descendo por suas costas. Ela passava as tardes vestindo shorts curtinhos e tomara que caia, lendo em cima de uma coberta no jardim enquanto eu trabalhava com seu pai. Lembro-me de reparar nela como o fazia com qualquer outra mulher, como se estivesse catalogando partes de corpos.
A garota tinha curvas, mas era silenciosa, e obviamente ingênua em relação à paquera, o que acabou merecendo meu desinteresse. Na época, minha vida estava cheia de curiosidade e safadezas: mulheres jovens e mais velhas dispostas a experimentar de tudo ao menos uma vez.
Mas, nesta tarde, uma bomba foi detonada em minha cabeça. Ver seu rosto me fez sentir como se estivesse em casa novamente, mas ao mesmo tempo como se estivesse conhecendo uma linda garota pela primeira vez. Ela não se parecia em nada com Liv ou Jensen, que tinham cabelos claros e eram muito altos, quase uma cópia carbono um do outro. (s/apelido) parecia com seu pai, para o bem ou para o mal. Ela tinha a combinação paradoxal dos longos membros de seu pai e as belas curvas de sua mãe. Ela herdou os olhos cinza, o cabelo moreno-claro e as sardas de (s/pai), mas o sorriso aberto era de sua mãe.
Eu hesitei quando ela se aproximou, passou os braços ao redor do meu pescoço e me abraçou. Foi um abraço confortável, quase íntimo. Com exceção de Chloe e Sara, eu não tinha muitas mulheres em minha vida que eram estritamente amigas. Quando eu abraçava uma mulher daquele jeito – apertando bem próximo –, geralmente havia algum elemento sexual.
(s/apelido) sempre foi a irmãzinha, mas ali, nos meus braços, eu percebi perfeitamente que ela já não era mais uma criança. Ela era uma mulher de vinte e poucos anos com mãos quentes no meu pescoço e o corpo colado ao meu. Ela cheirava a xampu e café. Cheirava como uma mulher, e debaixo daquela blusa de moletom e a jaqueta pateticamente fina, eu podia sentir o formato dos seios apertados contra meu peito. Quando ela se afastou e olhou em meu rosto, eu imediatamente gostei dela: ela não tinha caprichado no visual, não tinha colocado maquiagem ou vestido roupas esportivas caras. Ela vestia a blusa de Yale de seu irmão, calças pretas que eram curtas demais e um par de tênis que definitivamente tinha visto dias melhores. Ela não estava tentando me impressionar, apenas queria me ver.
“Ela é tão ingênua, cara”, Jensen disse quando me ligou na semana passada. “Sinto que falhei por não antecipar que ela seria obcecada com trabalho igual ao meu pai. Nós vamos fazer uma visita a ela. Eu nem sei o que fazer.”
Voltei à realidade quando Sara e Chaz se aproximaram da nossa mesa. Ryan se levantou para cumprimentá-los, e eu desviei os olhos quando ele beijou o pescoço de Sara e sussurrou em seu ouvido: “Você está linda, minha Flor”.
— Você está esperando Chloe? – perguntei depois de todos se sentarem. Se minha pergunta soou um pouco brusca, é porque estive convivendo com esses dois casais e suas demonstrações públicas de afeto por vários meses, embora eu não soubesse por que justo hoje isso fez eu me sentir desconfortável.
Chaz falou por trás do cardápio:
— Ela está em Boston até sexta-feira.
— Ufa, graças a Deus – Ryan disse. – Porque eu estou faminto e aquela mulher demora décadas para escolher o que vai pedir.
Chaz riu baixinho, baixando o cardápio de volta para mesa.
Fiquei aliviado também, não porque estava com fome, mas porque estava finalmente tendo um descanso de segurar vela para os outros. Meus quatro amigos-namorados estavam quase chegando na estrada da Presunção e já tinham passado faz tempo pela esquina do vamos-nos-meter- na-vida-amorosa-do-Justin. Eles se convenceram de que eu estava quase tendo meu coração despedaçado pela mulher dos meus sonhos e estavam ansiosos para assistir ao espetáculo. E, apenas para aumentar sua obsessão, ao voltar de Las Vegas na semana passada eu cometi o erro de mencionar casualmente que estava sentindo um distanciamento das minhas duas amantes regulares, Kitty e Alexis. As duas não tinham problemas com sexo sem compromisso, e uma não se importava com a existência da outra – ou com qualquer outro caso ocasional que eu tivesse –, mas ultimamente eu sentia que apenas estava seguindo uma rotina:
Tirar a roupa.
Tocar.
Transar.
Orgasmo.
(Talvez um pouco de conversa na cama.)
Beijo de boa-noite.
Então eu ia embora, ou elas iam embora.
Será que eu estava me cansando dessa rotina fácil? Ou será que estava me cansando de sexo sem nada mais?
E por que diabos eu estava pensando nisso tudo de novo, agora? Eu me endireitei na cadeira e esfreguei o rosto. Nada em minha vida mudou de ontem para hoje. Tive uma manhã prazerosa com (s/apelido), só isso. Na verdade, foi exatamente isso. O fato de ela parecer tão inesperadamente genuína, engraçada e linda não deveria me abalar desse jeito.
— Então, do que estávamos falando? – Chaz perguntou, agradecendo o garçom quando recebeu seu gimlet com vodca.
— Estávamos discutindo o reencontro do Justin de hoje de manhã – Ryan disse, e depois acrescentou com um sussurro exagerado: – Com uma amiga.
Sara riu.
— Justin se encontrou com uma mulher hoje? E onde está a novidade?
Chaz ergueu a mão.
— Espere, hoje não é o dia da Kitty? E você se encontrou com outra mulher pela manhã? – ele tomou um gole de seu drinque, olhando para mim. – Seu cachorro safado.
Na verdade, Kitty era a razão para eu sugerir a (seunome) que nos encontrássemos pela manhã em vez de à noite: Kitty era minha “reunião” até mais tarde. Mas quanto mais eu pensava nisso, a ideia de passar minha terça-feira de sempre com ela parecia menos e menos atraente.
Soltei um gemido, e tanto Sara quanto Ryan explodiram numa risada.
— Por acaso é estranho a gente saber a Agenda Amorosa Semanal do Justin? – Sara perguntou.
Ryan olhou para mim, com olhos sorridentes.
— Você está pensando em cancelar os planos com Kitty, não é? Acha que isso vai trazer problemas?
— Provavelmente – admiti.
Kitty e eu fomos namorados há alguns anos, e terminamos de modo amigável quando ela disse que queria algo mais. Mas quando nos encontramos num bar alguns meses atrás, ela disse que dessa vez queria apenas se divertir. E é claro que eu aceitei. Ela era linda, e sempre disposta a fazer qualquer coisa que eu quisesse. Ela insistia que não se importava com uma relação que não passasse de sexo. Mas acontece que nós dois sabíamos que ela estava mentindo: sempre que eu precisava cancelar um encontro, ela se tornava insegura e carente em nosso encontro seguinte.
Alexis era quase que o completo oposto. Ela era fechada, tinha um fetiche de ser amordaçada – coisa que eu não compartilhava, mas não via problemas em satisfazer – e raramente ficava para conversar depois de transar.
— Se você está interessado nessa garota nova, então você provavelmente deveria terminar com Kitty – Sara disse.
— Gente – eu protestei, passando o garfo pela minha salada. – Não existe nada com (s/apelido). Nós só fomos correr.
— Então por que ainda estamos falando nisso? – Chaz perguntou com uma risada.
Eu concordei.
— Exatamente.
Mas eu sabia que estávamos conversando sobre isso porque eu estava tenso, e quando eu estava tenso eu não conseguia esconder de ninguém. Minhas sobrancelhas se juntavam, meus olhos ficavam mais sombrios e minhas palavras saíam atravessadas. Eu me tornava um filho da mãe. E Ryan adorava isso.
— Ah, estamos conversando sobre esse assunto – Ryan disse – porque Justin está ficando nervoso, e isso é uma das coisas que eu mais gosto no mundo. E também é muito interessante ver o quanto ele está pensativo depois de passar a manhã com essa tal irmãzinha. Justin geralmente não parece que está pensando tanto até doer.
— Ela é a irmã mais nova de Jensen – eu expliquei para Sara e Chaz.
— Ele teve um caso com a irmã mais velha quando eram adolescentes – Ryan acrescentou.
— Você sempre tem que jogar a merda no ventilador, não é? – eu disse rindo. Liv foi um caso rápido, eu mal conseguia me lembrar de muita coisa além de uns beijos mais quentes e, depois, de minha escapada fácil quando voltei para New Haven. Comparado com alguns de meus relacionamentos da época, o que aconteceu com Liv mal foi registrado na minha escala de sexo. Depois ela passou todo o verão na faculdade quando eu trabalhei com seu pai. A última vez que vi a irmã de (s/apelido) foi no casamento de Jensen, alguns anos mais tarde. – Isso aconteceu faz uma eternidade.
Nossas entradas chegaram e comemos em silêncio por um instante. Minha mente começou a vagar. No meio da nossa corrida, eu parei de resistir e comecei a checar seu corpo inteiro.
Olhei para o rosto, os lábios, a mecha de cabelo que se soltou e pousou na pele macia de seu pescoço. Nunca escondi minha apreciação sobre as mulheres, mas não é qualquer mulher que me atrai. Então, o que tinha de especial em (s/apelido)? Ela era bonita, mas definitivamente não era a garota mais linda que eu já vi. Ela era sete anos mais nova do que eu, tão verde quanto uma maçã, e mal saía do trabalho para respirar. O que ela poderia me oferecer que eu não poderia achar em outro lugar?
Ela olhou para mim e me flagrou; a energia entre nós era palpável, e também era uma coisa confusa. E quando ela sorriu, seu rosto inteiro se acendeu. Ela parecia uma pessoa muito acessível, e apesar da temperatura, algo se aqueceu em minhas veias. Era uma velha e familiar fome. Um desejo que eu não sentia faz tempo, onde meu sangue se enchia de adrenalina e eu queria ser o único a descobrir os segredos de uma garota. E a pele de (s/apelido) reluzia, seus lábios estavam inchados e pareciam tão macios… O animal dentro de mim queria olhar mais de perto suas mãos, sua boca, seus seios.
Levantei meu rosto quando senti Ryan me observando enquanto mastigava pensativo.
Ele ergueu o garfo e apontou para o meu peito.
— Só é preciso uma única noite com a garota certa. E não estou falando de sexo. Uma única noite poderia mudar você, meu amigo…
— Ah, para com isso – eu resmunguei. – Você está sendo muito idiota agora.
Chaz se endireitou e entrou no assunto.
— O negócio é encontrar a mulher que faz você ficar pensando. É ela quem vai mudar sua mente sobre tudo.
Eu levantei minhas mãos.
— É um pensamento muito bonito, caras. Mas (s/apelido) realmente não faz o meu tipo.
— E qual é o seu tipo, afinal? Uma mulher que faz sombra? Que mija sentada? – Ryan perguntou.
Eu ri.
— Acho que ela é um pouco jovem demais. Ainda está verde.
Os caras se entreolharam e concordaram, mas eu podia sentir Sara me observando.
— Vai, fala logo o que você está pensando – eu disse para ela.
— Bom, estou apenas pensando que você ainda não encontrou alguém que faça você querer ir mais fundo. Você sempre escolhe certo tipo de mulher, um tipo que sabe que vai encaixar na sua estrutura, suas regras, seus limites. Como ainda não se cansou disso? Você está dizendo que essa irmã…
— (s/apelido) – Ryan ofereceu.
— Certo – ela disse. – Você está dizendo que (s/apelido) não faz o seu tipo, mas na semana passada você disse que estava sentindo um distanciamento das mulheres que transam com você sem nenhum tipo de compromisso – ela garfou um pedaço de seu almoço e deu de ombros enquanto levava a comida até a boca. – Talvez você precise reavaliar qual é o seu tipo.
— Isso é ilógico. Posso estar perdendo interesse nas minhas amantes, mas isso não significa que preciso refazer todo o sistema – eu disse resmungando e continuei a mexer na minha comida. – Embora, na verdade, eu tenha, sim, um favor para pedir.
Sara engoliu e disse:
— É claro.
— Eu estava pensando se você e Chloe poderiam levá-la para sair. Ela não tem amigos aqui na cidade e vocês…
— É claro – ela disse rapidamente. – Mal posso esperar para conhecê-la.
Olhei para Ryan com o canto do olho e não me surpreendi ao vê-lo mordendo os lábios e me olhando como um gato que pegou um canário. Mas Sara aprendeu uma coisa ou outra com Chloe e já sabia como controlá-lo, pois, ao menos uma vez na vida, ele estava estranhamente quieto.
Você às vezes sente que as pessoas de quem você mais gosta não são as pessoas com quem você mais convive? Ultimamente, sinto que não estou colocando meu coração onde realmente importa.
Quando disse isso, sua voz e os olhos grandes e honestos me fizeram sentir preenchido e vazio ao mesmo tempo, como se sentisse algo tão forte que eu não sabia se era dor ou prazer.
(s/apelido) queria que eu mostrasse como sair e namorar, como conhecer pessoas interessantes… e a realidade era que eu mesmo não estava fazendo isso. Posso não ser a pessoa que vive sozinha entre a casa e o trabalho, mas isso não significava que eu estava feliz.
Pedi licença para ir ao banheiro, peguei meu celular e digitei uma mensagem para o número que ela me passou:
O Projeto (s/apelido) ainda está de pé? Se sim, estou dentro. Corrida amanhã, planos Fiquei olhando para a tela por alguns segundos, mas quando ela não respondeu imediatamente eu voltei para meu almoço e amigos.
Porém, mais tarde, quando deixei o restaurante, notei que havia chegado uma única mensagem, e eu tive que rir, lembrando que (s/apelido) mencionou um antigo celular que ela quase não usava mais.
Ót9iimo!11Naoconsigoacharobotaodeespaço=maseu teligodepois
Entre as agendas malucas de (s/apelido), Chloe e Sara, as três só poderiam se encontrar no fim de semana. Mas graças a Deus elas conseguiram dar um jeito, pois ver (s/apelido) correr todas as manhãs com os braços cruzados sobre o peito já estava fazendo os meus peitos doerem.
Naquele sábado à tarde, Ryan estava sentado numa mesa do Blue Smoke quando eu cheguei, ofegando e faminto depois de correr meus dez quilômetros. Como sempre acontecia com nosso grupo, o planejamento aconteceu sem qualquer ajuda minha, então acordei com uma mensagem de Chloe dizendo que eu deveria levar (s/apelido) para encontrá-las para tomar café da manhã e fazer compras, o que significava que eu correria sozinho pela primeira vez em vários dias.
Eu não me importei. Até achei bom. (s/apelido) precisava sair, mas também precisava de algumas coisas. Precisava de tênis de corrida. Precisava de roupas de corrida. Até poderia comprar umas roupas normais, se estava mesmo levando a sério essa coisa de sair em encontros, pois a maioria dos caras são idiotas superficiais que se importam apenas com as primeiras impressões. (s/apelido) não era muito boa nesse departamento, mas parte de mim não queria forçar demais. Eu gosto de olhar mulheres bem-vestidas, mas, por mais estranho que seja, com (s/apelido), o mais intrigante é que ela não se importa muito com essas coisas. Pensei que ela provavelmente iria apenas continuar fazendo o que sempre fazia.
Sem nem mesmo olhar para mim, Ryan tirou o jornal que estava sobre minha cadeira e chamou a garçonete para eu fazer meu pedido.
— Água – eu disse, usando um guardanapo para limpar o suor das minhas sobrancelhas. – E talvez apenas uns amendoins por enquanto. Mais tarde eu peço o almoço.
Ryan pegou minha mochila e voltou para o seu jornal, entregando para mim a seção de Negócios do New York Times.
— Você não tinha saído com as garotas hoje de manhã? – ele perguntou.
Agradeci a garçonete quando ela trouxe minha água e tomei um grande gole.
— Levei (s/apelido) até elas. Eu não sabia se ela conseguiria encontrar qualquer lugar que não fosse dentro do campus da Columbia.
— Que mamãe-ganso amorosa você é.
— Ah, nesse caso, eu deveria contar amorosamente para você que Sara acidentalmente enviou uma foto da bunda dela para o Chaz.
Não havia nada que eu adorasse mais do que pegar no pé do Ryan por causa da obsessão deles em tirar fotos safadas.
Ele olhou para mim por cima do jornal e seu rosto relaxou quando viu meu sorriso maroto.
— Cuzão – ele murmurou.
Folheei a seção de Negócios por alguns minutos antes de voltar minha atenção para o caderno de Ciência e Tecnologia. Por trás de seu muro de jornal, o celular de Ryan tocou.
– Oi, Chloe – ele fez uma pausa e baixou o jornal na mesa. – Não, só eu e o Justin almoçando. Talvez o Ben esteja correndo.
Ele assentiu e então me entregou o celular. Eu atendi, surpreso.
— Oi… está tudo bem?
— A (seunome) é adorável – Chloe disse, e então riu silenciosamente. – Ela não compra roupas desde a faculdade. Juro que não a tratamos como uma boneca, mas ela é a coisa mais fofa que existe. Por que você demorou tanto para nos apresentar?
Senti meu estômago se apertar. Chloe não estava no almoço onde discutimos o assunto (s/apelido).
— Você sabe que ela não é uma namorada, não é?
— Eu sei, você está só comendo, que seja. Justin…
Comecei a interrompê-la, mas ela continuou:
— … eu apenas queria que você soubesse que está tudo indo bem. Ela parecia que ia se perder na Macy’s se não ficássemos atrás dela.
— Foi exatamente isso que eu disse.
— Certo, foi isso mesmo que entendi. Apenas liguei para ver se Ryan sabia onde Chaz está. Temos mais compras para fazer.
— Viu, espera um pouco – eu disse, antes de realmente considerar o que estava para pedir.
Fechei os olhos e lembrei da corrida com (s/apelido) nos últimos dias. Ela era relativamente magra, mas, caramba, havia muita “bagagem” na frente.
— O que foi?
— Se vocês estão fazendo compras, não se esqueça de comprar… – olhei para Ryan, confirmando que ele estava absorto em seu jornal antes de completar sussurrando: – uns sutiãs. Sabe? Daqueles esportivos? Mas talvez também… tipo… uns normais. Certo?
Eu senti, em vez de ouvir, o silêncio do outro lado da linha. Foi um momento pesado que pressionou meu peito enquanto o constrangimento aumentava. E aumentava. Quando dei uma olhada para frente, vi Ryan me encarando, tentando não soltar uma risada explosiva.
— Você tem sorte de eu não ser o Chaz agora – Chloe disse, finalmente. – O tamanho do chute no seu traseiro seria algo de outro planeta.
— Não se preocupe, Ryan está aqui, e eu posso ver que ele vai me importunar o suficiente para todo mundo ficar satisfeito.
Ela riu.
— Então, pode deixar. Sutiãs para suportar os grandes seios da sua não namorada. Deus, você é tão cafajeste.
— Obrigado.
Ela desligou, e eu devolvi o telefone para Ryan, evitando olhar em seu rosto.
— Oh, Victoria – ele disse num tom gozador. – Você tem um segredo? Você é boa em ajudar mulheres a encontrar roupas íntimas apropriadas para várias ocasiões?
— Vá se ferrar – eu disse, rindo. Sua expressão era como se o maldito time de futebol dele tivesse ganhado a copa do mundo. – Ela está correndo comigo, e usa umas blusas… sei lá. Mas não usa sutiã esportivo. E os sutiãs que ela tem fazem aquele… – fiz um gesto para o meu peito. – Aquele apertão esquisito quando parece que tem quatro seios, sabe? Apenas pensei que já que elas foram fazer compras, então…
Ryan pousou o queixo nas mãos e sorriu para mim.
— Deus, você é tão bonzinho, Justiniam.
— Você sabe o que eu penso sobre seios. É um assunto muito sério.
Além disso, pensei sem dizer em voz alta, (s/apelido) tem as curvas de uma pin-up.
— Realmente – ele concordou, levantando novamente o jornal. – Apenas acho engraçado o jeito como você está fingindo que não gostaria de uma garota com quatro seios.
                                                                     —
Cerca de meia hora depois, a porta se abriu atrás de Ryan e eu olhei para o emaranhado de cabelos sedosos e sacolas de compras que entrou e se aproximou de nossa mesa. Ryan e eu nos levantamos e ajudamos (s/apelido) a descarregar sua bagagem numa das cadeiras.
Ela vestia uma blusa de moletom azul-claro, calça jeans escura bem justa e sandálias verdes. Não estava vestida como se tivesse saído de uma passarela, mas parecia confortável e estilosa. Seu cabelo estava… diferente. Cerrei meus olhos, estudando-o enquanto ela deslizava a bolsa de seu ombro. Ela havia cortado, ou talvez tivesse apenas soltado os cabelos em vez de usar daquele jeito bagunçado de sempre. As mechas caíam pelos ombros, lisas, grossas e macias. Mas, apesar da mudança nas roupas e cabelos, ela, felizmente, ainda se parecia com (s/apelido): apenas um pouco de maquiagem, um sorriso luminoso e sardas banhadas pelo sol.
Ela estendeu a mão para Ryan, sorrindo.
— Eu sou (seunome). Você deve ser Ryan.
Ele a cumprimentou e disse:
— Prazer em conhecê-la. Você teve uma boa manhã com aquelas duas malucas?
— Tive, sim.
Ela se virou para mim, envolveu os braços ao redor do meu pescoço e eu tentei não gemer quando ela o apertou. Eu amava e odiava seus abraços ao mesmo tempo. Eram apertados, quase sufocantes, mas surpreendentemente calorosos. Quando soltou, ela desabou na cadeira.
— Mas aquela Chloe gosta mesmo de lingerie. Acho que passamos uma hora só naquela seção.
— Por que não estou surpreso com isso? – eu murmurei, enquanto discretamente olhava para o peito de (s/apelido) ao me sentar novamente. Os seios estavam maravilhosos como sempre; cheios e empinados. Tudo perfeitamente no lugar certo. Ela deve ter comprado alguma lingerie.
— E falando nisso… – Ryan se levantou e guardou a carteira no bolso de trás da calça. –
Acho que está na hora de encontrar minha flor e ver o resultado das compras dela. Foi um prazer te conhecer, (seunome).
Ele deu um tapinha em meu ombro, piscando para ela.
— Tenha um bom almoço.
(s/apelido) acenou para Ryan, então se virou para mim, com olhos arregalados.
— Uau. Ele é… gostosão. Conheci Chaz também. Vocês parecem o clube dos gostosões de Manhattan.
— Não existe uma coisa dessas – eu disse, sorrindo. – E a propósito, você está ótima – sua cabeça virou de repente para mim, com olhos surpresos, e eu rapidamente acrescentei:
— Ainda bem que não deixou que elas cobrissem você de maquiagem. Eu sentiria falta das suas sardas.
— Você sentiria falta das minhas sardas? – ela perguntou num sussurro. – Que homem diz uma coisa dessas? Você está tentando me fazer ter um orgasmo agora mesmo?
Tentei com todas as forças não olhar novamente para seus seios quando ela disse isso.
Olhando de relance para as sacolas de compras, eu murmurei: – Eu… humm… parece que você comprou um monte de tênis de corrida.
Abaixando-se, ela vasculhou procurando por algo.
— Acho que comprei de tudo. Nunca na minha vida fiz compras desse jeito. A Liv provavelmente vai estourar um champanhe quando souber – seus olhos estudaram meu rosto, meu pescoço, meu peito, como se apenas agora tivessem notado minha presença. – Você foi correr hoje de manhã?
— E andei de bicicleta.
— Você é tão disciplinado – ela se inclinou para frente com as mãos apoiando o queixo e piscou os cílios para mim. – Isso faz maravilhas com seus músculos.
Rindo, eu disse:
— Isso me acalma. E evita que… – tentei encontrar as palavras, sentindo um calor subir por meu pescoço – que eu aja como um estúpido.
— Não era isso que você iria falar – ela disse, ajeitando-se na cadeira. – Evita o quê? Tipo, que você saia por aí brigando em bares? É um jeito de aliviar a tensão e a ansiedade masculina?
Decidi testá-la um pouco. Não sei de onde veio esse impulso, mas ela era uma confusa mistura entre ser ingênua e selvagem, e isso fazia eu me sentir impulsivo, quase bêbado.
— Evita que eu fique por aí querendo transar o tempo todo.
Ela mal piscou.
— Mas por que você prefere correr em vez de transar?
Conversar com ela sobre isso parecia perigoso. Eu não sabia dizer exatamente como, mas era tentador olhar para ela mais do que eu deveria, e (s/apelido) não fugiu da minha inspeção. Ela me encarou de volta.
— Não sei por que eu disse isso – admiti.
— Justin. Eu não sou uma virgem nem uma mulher tentando transar com você. Nós podemos conversar sobre sexo sem problemas.
— Humm, não sei se isso é uma boa ideia.
Levei meu suco até meus lábios, tomando um gole enquanto a observava tomando sua água, com olhos presos aos meus. Ela não estava tentando transar comigo? Nem mesmo um pouco?
Eu me senti um pouco desapontado. O ar entre nós parecia pesado – eu queria estender meu braço e passar os dedos em seu lábio inferior.
— Estou apenas dizendo – ela começou – que você não precisa fazer rodeios comigo. Gosto de como você sempre vai direto ao assunto.
— E você sempre é aberta assim com as pessoas?
Ela balançou a cabeça.
— Acho que faço isso especificamente com você. Sei que normalmente eu falo demais, mas me sinto especialmente idiota quando estou perto de você, e não consigo parar de falar besteiras.
— Eu não quero que você pare de falar besteiras.
— Você sempre foi tão obviamente sexual e aberto sobre o assunto. Você é tipo um jogador gostosão que não pede desculpa por gostar de mulher. Quer dizer, se eu notei isso sobre você quando tinha doze anos, então era mesmo óbvio. Gosto de você sendo quem você é.
Não respondi, pois não sabia o que dizer. Ela gostava daquilo que todas as outras mulheres queriam domar em mim, mas eu não sabia se gostava que essa fosse sua impressão de quem eu era.
— Chloe me disse que você pediu que elas me levassem para comprar sutiãs.
Olhei para seu rosto bem quando ela desviava o olhar da minha boca. Seu pequeno sorriso se transformou em algo malicioso.
— Como você é atencioso, Justin. Que bom que você fica pensando nos meus seios.
Dei uma mordida no meu sanduíche e murmurei:
— Não precisamos discutir isso. Ryan já fez o favor de chutar o meu traseiro.
— Você é um homem misterioso, Justin Jogador – ela ergueu o cardápio e avaliou as opções antes de colocá-lo de volta na mesa. – Mas, que seja. Vou mudar o assunto. Sobre o que você quer conversar?
Engoli, observando-a. Nunca poderia imaginar uma garota assim, tão jovem, parecendo uma mistura entre a intensidade e a compostura de Chloe e Sara.
— Sobre qualquer coisa que vocês garotas tenham conversado hoje – sugeri.
— Bom, Sara e eu tivemos uma conversa divertida sobre como é se sentir quase virgem de novo depois de passar um tempão sem sexo.
Eu quase engasguei.
— Uau. Isso… eu nem imagino como seria isso.
Ela me observou, divertindo-se.
— Mas, falando sério. Tenho certeza de que é diferente para os homens. Mas para as mulheres, depois de um tempo, você acaba pensando: virgindade cresce de novo? É tipo um limo numa caverna?
— Que imagem bonitinha.
Ela me ignorou e se ajeitou na cadeira, parecendo mais animada.
— Na verdade, isso é perfeito. Você é um cientista, então vai gostar da teoria que eu pensei.
Eu me preparei para ouvir algo maluco.
— Você acabou de fazer uma analogia horrível com limo numa caverna. Honestamente, agora fiquei com medo de ouvir qualquer teoria sua.
— Desencana. Então, sabe como a virgindade de uma garota é considerada algo sagrado?
Eu ri.
— Sim, conheço o conceito.
Ela coçou a cabeça e mexeu um pouco no nariz cheio de sardas.
— Minha teoria é a seguinte: os homens das cavernas estão retornando. Todo mundo quer ler sobre o cara que amarra a garota, ou fica violento de ciúmes se – Deus nos livre – ela veste uma roupa sexy fora de casa. As mulheres supostamente gostam disso, não é? Bom, eu acho que a nova moda vai ser a revirgindade. Elas querem que seus homens sintam que eles são os primeiros. E você pode imaginar como as mulheres farão isso?
Observei seus olhos cada vez mais animados esperando minha resposta. Algo sobre sua sinceridade, sua consideração séria do assunto, me fez sentir um aperto no peito.
— Humm, com mentiras? Eu honestamente não saberia se uma garota é virgem, a não ser que
ela…
— Primeiro com cirurgia, provavelmente. Vamos chamar isso de “restauração de hímen”.
Baixando meu sanduíche, soltei um gemido.
— Meu Deus, Cass. Estou comendo. Vamos deixar a conversa sobre hímens para depois…
— E então… – ela batucou na mesa, fazendo crescer o suspense – … todos estão esperando para ver o que as células-tronco podem fazer por nós. Mas… não acho que eles vão começar com lesão de medula ou mal de Parkinson. Sabe o que eu acho que vai ser a primeira grande aplicação?
— Mal posso esperar para saber – eu disse, em tom de brincadeira.
— Aposto que vai ser a restauração da, você sabe, honra das mulheres.
Quase engasguei de novo.
— Honra?
— Você disse para não falar mais em hímen, então… mas estou certa, você não acha?
Antes que eu pudesse responder e dizer que até que era uma boa teoria, ela continuou.
— Quantias ridículas de dinheiro são gastas nesse tipo de coisa. Viagra para pau duro. Quatrocentos tipos de peito de plástico. Enchimento na calcinha e sutiã. O mundo é dos homens, Justin. As mulheres nem vão pensar duas vezes em colocar células programadas para crescer dentro da vagina. No ano que vem, uma de suas não namoradas vai reconstruir o hímen, e ela vai dar sua nova virgindade para você, Justin.
Ela abaixou a cabeça, colocou os lábios no canudo e sugou, com os olhos cinzentos grudados nos meus. E com aquele olhar demorado e brincalhão, senti meu pau endurecer.
Soltando o canudo, ela sussurrou:
— Para você. E você vai apreciar esse presente? Esse sacrifício?
Seus olhos dançaram, e então ela inclinou a cabeça para trás e soltou uma risada. Caramba, eu gostava dessa garota. Gostava muito.
Apoiei meus cotovelos na mesa e limpei a garganta.
— (s/apelido), ouça bem, porque isso é importante. Vou compartilhar um pouco da minha sabedoria.
Ela se endireitou e apertou os olhos.
— Nós já cobrimos a regra número um: nunca ligue para alguém antes do sol nascer.
Seus lábios se torceram num sorrisinho culpado.
— Certo. Já registrei.
— E a regra número dois – eu disse, balançando levemente a cabeça. – Nunca discuta reconstrução de hímen durante o almoço. Ou, tipo… nunca.
Ela se dissolveu em risos e então deu espaço para a garçonete que trazia sua comida.
— Não seja tão rápido em tirar sarro disso. Essa é uma ideia de um bilhão de dólares, senhor eu-sei-tudo-sobre-dinheiro. Se isso um dia chegar à sua mesa, você pode me agradecer.
Ela atacou sua salada com uma enorme mordida, e eu tentei não estudá-la. Ela não era igual às outras garotas que eu conhecia. Ela era bonita – na verdade, era linda –, mas não era contida ou egocêntrica. Ela era boba, confiante, e com uma personalidade tão cativante que quase fazia o resto do mundo parecer preto e branco. Eu não sabia se ela própria se levava a sério, mas certamente não esperava que eu levasse.
— Qual é o seu livro favorito? – eu perguntei, sem saber de onde tirei essa pergunta.
Ela mordeu o lábio inferior enquanto pensava, e eu voltei a mastigar meu sanduíche.
— Isso vai parecer clichê.
— Eu sinceramente duvido, mas vamos ver.
Ela se inclinou para frente e sussurrou:
— Uma breve história do tempo.
— Stephen Hawking?
— É claro – ela disse, quase ofendida.
— Isso não é clichê. Clichê seria se você dissesse O morro dos ventos uivantes, ou Mulherzinhas.
— Por que eu sou uma mulher? Se eu perguntasse a você, e você dissesse algo do Stephen Hawking, então seria clichê?
Considerei o que ela disse por um momento. Eu me imaginei respondendo que esse era meu livro favorito e recebendo alguns é isso aí, cara dos meus amigos da faculdade. Provavelmente.
— Isso é uma grande besteira, essa coisa de ser clichê para você e não para mim porque eu tenho uma vagina. Mas, enfim – ela disse, dando de ombros e mordendo uma alface. – Eu li quando tinha doze anos e…
— Doze?
— Isso, e aquilo explodiu minha cabeça. Não tanto pelas coisas que ele disse – porque acho que não entendi tudo na época –, mas mais pela maneira como ele pensava. Ou o fato de que existiam pessoas que passavam a vida inteira tentando entender essas coisas. Abriu todo um mundo para mim.
Ela fechou os olhos, respirou fundo e depois sorriu, mostrando um pouco de culpa quando abriu os olhos de novo.
— Estou falando demais.
E com uma piscadela, ela se inclinou para frente e sussurrou:
— Mas talvez você goste disso?
Minha mente espontaneamente foi invadida por fantasias de seu pescoço arqueado, a boca aberta numa súplica rouca enquanto eu lambia um caminho entre sua garganta e o queixo.
Imaginei a dor aguda de suas unhas cravadas em meu ombro… e então pisquei e me levantei tão rápido que acabei jogando a cadeira para trás. Pedi desculpas para o homem sentado atrás de mim, pedi desculpas para (s/apelido) e praticamente saí correndo para o banheiro.
Tranquei a porta e olhei meu reflexo no espelho.
— Que merda foi essa, Bieber?
Eu me abaixei e joguei um pouco de água fria em meu rosto.
Apoiando o corpo na pia, encontrei meus olhos no espelho de novo.
— Foi apenas uma imagem mental. Não significa nada. Ela é uma garota legal. Ela é bonita.
Mas, primeiro: ela é a irmã de Jensen. Segundo: ela é irmã de Liv, e só faltou você comê-la nos bons e velhos tempos. Acho que você já gastou sua oportunidade de ficar com uma irmã (sobrenome). E terceiro… – baixei a cabeça e respirei fundo. – Terceiro. Você usa demais calça esportiva perto dela e ficar tendo fantasias sexuais a toda hora pode ser um problema. Esse assunto acaba aqui. Vá para casa, chame Kitty ou Alexis, transe um pouco e depois vá dormir.
Quando voltei para a mesa, (s/apelido) já estava com o prato vazio e agora olhava distraidamente as pessoas indo e vindo na calçada lá fora. Ela olhou para mim quando sentei, com uma expressão de preocupação.
— Problemas estomacais?
— O quê? Não. Não, eu… precisava fazer uma ligação.
Merda. Que coisa babaca de se dizer. Estremeci e depois suspirei.
— Na verdade, acho que preciso ir, Cass. Estou aqui faz quase duas horas e tenho ainda umas coisas para fazer.
Merda dupla. Isso soou ainda mais babaca.
Ela tirou sua carteira da bolsa e colocou algumas notas de cinco na mesa.
— É claro, nossa, eu também estou cheia de coisas para fazer. Obrigada por me encontrar aqui. E obrigada mesmo por me apresentar Chloe e Sara.
Com mais um sorriso, ela se levantou, jogou a bolsa no ombro, juntou todas as sacolas de compras e andou até a porta.
Seus cabelos brilharam e caíram por suas costas. Sua postura estava reta, sua passada era regular. A bunda parecia fantástica naquele jeans apertado.

Caralho, Justin. Você está completamente fodido