12.7.14

Believe - 39 -





Levantei do chão com o pouco de força que me restava, caminhei lentamente até o espelho. Como dias atrás ou até meses, reparei estar diferente. Não diferente de uma forma boa, meu rosto estava avermelhado por conta das lágrimas que ainda insistiam em cair. Meus olhos tão iluminados agora encontravam-se de um tom verde escuro, sombrios e tristes. Peguei meus cabelos prendendo no topo da cabeça, meu rosto continuava ruim. Tudo parecia ruim. Soltei eles em meio aos soluços e lágrimas que caíam.





Bati meu pé no chão seguidas vezes, o que eu tenho de erado? O que eu fiz de errado? Eram as únicas perguntas sem respostas que vagavam por minha mente. "Você é uma vadia egoísta", "eu não quero ter filho algum com você", "és uma falsa e uma cadela Íris". Botei a mão na testa, estava com febre. E não era uma febre comum, era uma que queimava e fazia minha cabeça rodar. Abri minha gaveta procurando por algum medicamento que fizesse efeito em cima desses sintomas.

___ Não há nada aqui? - questionei a mim mesma indignada. - Como ele vem morar em uma casa sem ao menos aspira ou remédio para dor de cabeça? - um arrepio percorreu meu corpo, ele havia saído estressado. 

Algo ruim irá acontecer? Talvez, ou talvez ele necessitasse esfriar sua cabeça. Andei até o banheiro, catei uma toalha branca e fofinha colocando em cima do vaso sanitário. Peguei meu celular colocando uma música calma, abri a torneira da mesma vendo a água pura e cristalina ser despejada dentro da mesma. Tinha algumas coisas que eu deveria repensar, será que eu estava fazendo a escolha certa? Estar com Justin era maravilhoso, entretanto este surto dele me fez repensar em algumas coisas.

___ Que música? - disse para mim mesma ao ver minha lista de músicas. - ADELE! - gritei o nome de minha artista favorita, selecionei a minha música favorite (e deprimente).

A melodia saia de meu aparelho eletrônico preenchendo o ambiente silencioso. A água terminou de preencher a banheira, botei um pé após o outro entrando finalmente na banheira. A água estava cristalina e limpa, afundei ainda mais deixando meu corpo totalmente submerso. A música deu um acorde forte iniciando a voz de Adele...


Quando a chuva
Está soprando no seu rosto
E todo o mundo
esta em sua mala
Eu poderia oferecer a você
Um abraço caloroso
Para fazer você sentir o meu amor



Senti meus pensamentos rodarem, rodarem e ficarem incertos. Justin era tão doce, porque por uma coisa boba como essa ficou revoltado e tão mal? Não az sentido em minha cabeça, não faz sentido algum! As notas da música fluíam como as minhas lágrimas escorriam misturando-se com a água, eu ouvia risadas no andar de baixo mas não dava bola. Talvez eu devesse merecer isto.

Quando as sombras da noite
E as estrelas aparecem
E não houver ninguém lá
Para secar suas lágrimas
Eu poderia segurar você
Por um milhão de anos
Para fazer você sentir o meu amor



Agitei a mão na água, minha vida estava acabada sem meu príncipe. E pensar que ele me xingou de tudo quanto é nome, eu não mereço isso. Eu vejo isso apenas agora que, devia ter revidado com o dobro de coisas ditas. Coloquei a mão em minha barriga passando levemente, será que havia uma vida ali dentro? Sorri d elado, uma vida que arruinou a minha.


Eu sei que você
Não se
Decidiu ainda
Mas eu nunca
Erraria com você
Eu já soube
Desde o momento
Que nos conhecemos
Não há dúvida na minha mente
De onde você pertence



Abri meus olhos pela primeira vez, eu podia ver meu reflexo novamente na água. Os meus cabelos que mais cedo pareciam maravilhosos e escovados fio por fio agora estavam bagunçados e desgrenhados. O loiro não parecia natural e eu me xinguei por algum dia pensar que alguma mudança em minha vida ficaria boa depois de algum tempo.


Eu passaria fome
Eu me machucaria
Eu iria me arrastando
Avenida abaixo
Não, não há nada
Que eu não faria
Para fazer você sentir o meu amor



Abandonei a banheira ainda molhada seguindo até o quarto, ensopei o chão todo mas não dei bola para isso. Catei uma camiseta de Justin levando ao meu nariz, inspirei aquela colônia profundamente. Todos os meus pensamentos se voltaram para ele, como se o centro do meu mundo fosse ele. E quando eu não o tenho tudo desaba como se fosse feito de areia, eu sou feita de areia.


As tempestades são violentas
Sobre o mar revolto
E no caminho do arrependimento
Embora ventos de mudança
Estejam trazendo entusiasmo e liberdade
Você ainda não vê nada
Como eu



Meu coração estava em pedaços cada vez menores, respirei pela última vez certa do que devia fazer. Catei meu vestido chão colocando junto a minha lingerie de momentos atrás. Peguei meu celular enfiando em minha mala. Quando estava "pronta" sai correndo escada a baixo, como não havia sinal algum de alguém  ou de alguma pessoa específica.



Eu poderia fazer você feliz
Fazer os seus sonhos se tornarem realidade
Não há nada que eu não faria
Iria até o fim
Da Terra por você
Para fazer você sentir o meu amor



A música ainda rodava em minha cabeça, e eu sabia bem o porque. Eu poderia ser esculachada ou qualquer coisa pelo Justin que mesmo assim iria continuar o amando. Limpei algumas lágrimas que caíam e esperei um táxi ao lado do meio fio.



[..]



Assim que cheguei na entrada da minha casa avistei minha mãe, ela sorriu mas eu a ignorei passando por ela e subindo escada acima. Peguei uma bolça grande em meu armário jogando na cama, catei algumas peças de roupas e dobrei ajeitando em minha mala, coloquei alguns sapatos e algumas coisas básicas de higiene e maquiagem. Quando terminei fechei o zíper e suspirei. Nem acredito que farei isto mesmo.



[..]



Havia acabado de despachar minhas malas, meu cartão de crédito estava quase no limite mais nem liguei. Comprei uma passagem para o Brasil, eu tinha que ficar sozinha e pensar. Segui até o local de embarque, minhas mãos soavam frio assim como o resto do meu corpo. Um óculos escuro compunha meu visual "disfarçado", uma noticia passava intensamente nos noticiários "Justin Bieber tem agora uma noiva, fotos de fans em redes sociais mostram o momento exato do pedido do cantor". Suspirei pesadamente, a noticia estava apenas piorando minha dor de cabeça. "Selena Gomez foi vista em otos junto aos dois em sua nova casa, será um momento de reconciliação de ambas as partes?", esmurrei o banco. Reconciliação, gargalhei internamente. "Notícias revelam que há algumas chances de haver um herdeiro próximo para a fortuna de Bieber". Fortuna, herdeiro. Tudo parece soar irônico ao meu ponto de vista.


___ Senhorita o voo 465 já está saindo. - despertei de meus devaneios sorrindo a aeromoça.
___ Obrigado. - caminhei lentamente até o embarque e entreguei minha passagem ao elegante homem de terno.
___ Boa viagem senhorita. - sorri caminhando pelo tubo de embarque.


Assim que sai o vento balançou meus cabelos, subi a escadinha levando até o avião. Como eu não iria de primeira classe e sim de voo comum/doméstico tinha várias pessoas ali. Me sentei em minha poltrona, passaram-se longos 20 minutos até todos os passageiros embarcarem. Quando todos estavam posto e ao meu lado um velho senhor carrancudo sentado, o avião decolou deixando todos soltarem exclamações exasperadas. Em meu celular uma música começou a tocar, believe. Meu coração disparou e minhas pernas viraram gelatina, tudo o que consegui fazer foi soluçar em meio as lágrimas. O senhor ao meu lado suavizou sua expressão ficando frustrado, ele passou os braços em volta de minha cintura e me encarou sério.


___ Me desculpe lhe perguntar isso dona, mas a senhorita não parece nada bem para mim. - meus olhos marejaram, ele estava preocupado comigo.
___ E-eu estou bem sim. - gaguejei olhando com ternura para o homem de meia idade a minha frente.



___ Tudo bem dona, qualquer coisa é só me abraçar. - ele tirou os braços de mim dando-me um leve sorriso, logo eu podia ouvir seu ronco invadir meus ouvidos.

Encostei na poltrona exausta, olhei para a janela vendo apenas luzinhas em baixo d emim. A Califórnia não parecia tão grandiosa daqui de cima.  Chequei minhas chamadas perdidas, 15 chamadas perdidas da Karmin, 3 do Beadles, 2 do Chaz e do Ryan e mais 50 do Justin. Suspirei colocando a música que ouvi hoje de manhã para tocar, minhas lágrimas escorriam no silêncio calmamente.


[..]



___ Aqui, 40 reais. - entreguei ao motorista, ele sorriu dando-me tchau.

Já havia saído do aeroporto e seguido em direção a minha casa. Suspirei pesadamente, nunca pensei em sequer novamente botar os pés aqui. Saquei de meu chaveiro a chave prateada colocando na porta, lentamente com um rangido fraco ela se abriu. Entrei e corri sem fazer barulho até a escada, assim que cheguei ao meu quarto deparei-me com tudo como estava desde antes de eu ir morar na Califórnia. Sorri agradecida, joguei minhas malas e liguei minha luminária.

Comecei a tirar minha roupa e vesti apenas uma camisola solta, saquei uma bolsinha cor-de-rosa. De lá tirei alguns remédios, para diversas coisas. O primeiro era de enxaqueca, o segundo para febre e assim por diante. Quando já tinha um punhado em minhas mãos despejei em minha boca, engoli tudo de uma vez sentindo meu estômago revirar, não havia comido nada desde hoje de manhã e os remédios não me fariam bem. Vi que havia uma gravação pendente em minha secretária eletrônica, suspirei apertando em ouvi-la.

___  Íris, sou eu. Olha eu sei que agi como um babaca, eu sei que sou muito ruim com você e falho nas piores horas. Sei que lhe xinguei dos piores nomes possíveis e sei também que sou um monstro, saiba que se você estiver mesmo grávida e tiver um bebê vindo aí eu cuidarei dele assim como de você. Eu não quis dizer aquilo aquela hora, me perdoe por todos aqueles xingamentos e todas aquelas babozeiras que eu falei. Você sabe que foi da boca pra fora não sabe? Ainda mais quando você conhece o bobão imaturo que é o seu noivo, e falando nisso...ainda somos noivos não é? Por favor me diz que não desistiu de tudo porque eu ainda te amo pra caralho e me dói saber que eu fui o causador de nossa separação. Íris querida,eu não irei aguentar se me deixar....por favor me perdoe......do seu sincero e honesto Justin.

Desliguei a mensagem em prantos, meu coração palpitava acelerado em meu peito e tudo o que eu podia sentir era um grande e maravilhoso vazio. Com um solavanco joguei o celular na parede, senti meu estômago revirar mais uma vez e fui ao banheiro vomitando tudo que havia comido, ou seja, nada. Eu podia ver alguns resquícios de remédios indo descarga abaixo mas não liguei. Meus olhos estavam vermelhos em meu reflexo ao espelho e tudo o que eu desejava era nunca ter falado aquilo para ele. Minhas pernas amoleceram e eu caí no chão imóvel, apenas dei um gemido agudo antes de sentir minha cabeça bater contra o chão frio.






Com certa dificuldade, levantei-me minutos depois cambaleando, e tudo o que consegui fazer depois de tomar aquelas pílulas e ouvir aquela mensagem foi deitar na cama exausta e olhar para o teto vendo tudo rodar e rodar. Meu chão havia desaparecido e tudo o que restava era a vista daquele cinzento teto. Nada mais me preocupava, eu apenas desejava não acordar no outro dia.





...

Continua?

3 comentários:

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